Com Juan Sierra
Na República Dominicana, a Nestlé continua terceirizando cargos de caráter permanente, perseguindo o pessoal técnico e desrespeitando acordos alcançados na última negociação coletiva.
Giorgio Trucchi
5 | 11 | 2025

Juan Sierra | Foto: Bernabel Matos (arquivo)
Juan Sierra, secretário-geral do Sindicato de Trabalhadores da Nestlé Dominicana Fábrica de San Cristóbal (Sitranestlesc), explicou à Rel que se trata de temas amplamente discutidos com a transnacional suíça, sem que se tenha conseguido uma solução satisfatória.
Atualmente, o quadro da empresa é de 237 trabalhadores, dos quais 89 (38 por cento) são terceiros subcontratados por meio de cinco empresas terceirizadas.
“Eles estão ocupando cargos de caráter permanente, recebendo o salário-mínimo legal e sem acesso aos benefícios estabelecidos na convenção coletiva”, disse Sierra.
“Trata-se de uma estratégia da empresa para preencher as vagas que surgem com terceirizados, substituindo o trabalhador formal e avançando com a terceirização trabalhista”, acrescentou.
Nos últimos nove anos, o sindicato passou de 169 para 96 filiados. Algo que preocupa muito a organização sindical.
A essa situação soma-se a ofensiva da empresa contra o pessoal da área de serviços técnicos.
“O atual gerente da área implementou uma política de mudança total do pessoal técnico, dispensando os antigos trabalhadores e substituindo-os por pessoas de sua total confiança”, afirmou Sierra.
Para implementar essa estratégia, a Nestlé vem aplicando uma política de assédio e advertências dirigida especialmente aos trabalhadores que fazem parte do comitê executivo do sindicato.
“Já são cinco companheiros que saíram: três deles foram demitidos e outros dois pediram demissão porque não aguentavam mais a pressão”, recordou o dirigente do Sitranestlesc.
Sierra lamentou também o desrespeito da transnacional a algumas cláusulas do recém-assinado (março) acordo coletivo, entre elas as que preveem a festa de Natal, a comemoração de aniversários, o brinde esportivo e outras atividades sociais.
“Eles alegam que não há dinheiro, mas a verdade é que existe uma estratégia para eliminar as conquistas dos trabalhadores. Não estão respeitando o que acabamos de assinar”, afirmou.
“Pedimos à UITA e à Felatran que fiquem atentas a essa situação e que divulguem internacionalmente, e nos mais altos níveis da Nestlé, o que está acontecendo aqui”, concluiu Sierra.

