“80 anos de história, de lutas de greves, de conquistas, de desafios, de utopias compartilhadas.

Tanta estrada percorrida, tantos caminhos trilhados. Quantos guerreiros, companheiras e companheiros. Quanta militância e bravura contra a ditadura militar.
Quanta gente no exilio, assassinadas, presas. Quantos gritos de dor de raiva. Quantos gritos de vitórias.

A Federação, que foi verdadeiro ateneu das organizações de resistência à tirania militar, tornou-se também um ponto de encontro do internacionalismo progressista.

Em sua sede, na Rua Jerônimo Coelho, o então prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra, participou da formação sindical de jovens militantes do Partido Revolucionário Febrerista do Paraguai.

Militantes políticos e sindicalistas do Uruguai transformaram a sede da Federação em uma trincheira de clandestinidade e de luta, junto ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos, liderado por Jair Krischke.

Companheiros bolivianos permaneceram por mais de quatro meses hospedados nos dormitórios da Federação durante a ditadura de García Meza, em 1979.

Nesse mesmo ano realizou-se a 7ª Conferência Regional Latino-Americana da UITA, provavelmente a primeira conferência sindical internacional com um número tão expressivo de delegados e países representados.

Nela, foi aprovado o boicote internacional à Coca-Cola, em resposta ao massacre de dirigentes do sindicato de trabalhadores da empresa na Guatemala.

A sede da Federação, então presidida pelo companheiro Mário José Provenzi (falecido em 15 de setembro último), resistiu a sérias pressões do aparelho repressivo da ditadura, que tentou impedir a realização da conferência.

Pouco tempo após o triunfo da Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua, o ex-guerrilheiro e dirigente sindical Marcial Cabrera palestrou, em 1982, para uma plateia lotada no auditório Manoel Tavares, em homenagem ao primeiro presidente da Federação.

Em 1998, a Federação promoveu a Primeira Conferência Internacional sobre os avanços e os perigos da monocultura transgênica, reafirmando sua vocação de vanguarda e seu compromisso com a vida, a saúde e o meio ambiente.

Essa história de ousadia e compromisso político alimenta, até hoje, nossa luta contra a ultradireita, o extrativismo agrário, o envenenamento por agrotóxicos, a precarização das condições de trabalho e o massacre cotidiano nos frigoríficos — onde mulheres e homens são tratados como peças descartáveis.

Em boa parte dessa trajetória, a UITA e a Federação caminharam lado a lado.

E porque acreditamos, teimosamente, em um mundo melhor, continuaremos juntos. Sempre.”