Autoritarismo e impunidade
Gerardo Iglesias
7 | 8 | 2025

Foto: Juan Cajar – Radio Temblor
A província de Bocas del Toro, no nordeste do país, sobre o Mar do Caribe, foi recentemente invadida por um grande enxame repressor. Sim, foi invadida, e não pela 82ª Divisão Aerotransportada, baseada em Fort Bragg, Carolina do Norte, como aconteceu no ataque gringo de 20 de dezembro de 1989, conhecido como "Justa Causa". Nessa ocasião, a força de ocupação interna agiu diretamente. O ataque brutal foi apelidado de "Operação Ômega".
O governo de José Raúl Mulino ordenou que o aparato repressivo atacasse a população desarmada de Bocas del Toro. A caça aos trabalhadores bananeiros, sindicalistas e a população em geral foi apoiada pela imposição do "estado de emergência", ou seja, a violação dos direitos constitucionais e das medidas cautelares em relação aos direitos humanos.
Também foi ordenado o bloqueio da internet, com o claro propósito de silenciar as redes sociais, que são, reconhecidamente, altamente dinâmicas.
"Soldados da pátria, a impunidade e o silêncio serão seus aliados" foi a mensagem do governo, e certamente foi compreendida pelos gendarmes.
As vítimas, em sua maioria, pertencem ao povo indígena Ngäbe-Buglé, que em 2010 foi brutalmente atacado enquanto o atual presidente era ministro de Segurança Pública no governo do sedicioso Ricardo Martinelli, atualmente exilado na Colômbia.
José Raúl Mulino assumiu a presidência em 2024, em meio aos protestos massivos contra a mineração que vinham ocorrendo desde 2023. Em vez de acalmar a situação com um apelo por um amplo diálogo, Mulino transformou o Panamá em um dos líderes em aquisição de armas na América Latina.
Na cerimônia de formatura dos novos oficiais, realizada em 8 de julho, ele parabenizou a Polícia pela participação no combate aos protestos: "É assim que se constrói um país, com a maioria, não com medo da minoria", enfatizou.
"Por precaução, nos armamos até os dentes", esqueceu de mencionar.