Com Roberto Luna
Nestlé Equador distribui menos de cem dólares de lucro por trabalhador
Giorgio Trucchi
10 | 4 | 2025

Foto: Gerardo Iglesias
A PLR é um benefício econômico que as empresas privadas do Equador devem pagar aos seus trabalhadores, correspondendo a 15% (10% para cada trabalhador e 5% por cada carga familiar) dos lucros obtidos no ano anterior.
Na distribuição dos ganhos do período fiscal de 2024, a Nestlé comunicou aos seus trabalhadores que, devido ao “contexto complexo pelo qual o país passou e à venda da Ecuajugos S.A.¹, que gerou despesas extraordinárias, houve uma diminuição considerável nos lucros”.
Essa “diminuição considerável” significa que, no próximo dia 8 de abril, a Nestlé Equador pagará 98,64 dólares para cada trabalhador e 28,11 dólares por cada carga familiar.
Para completar, a transnacional suíça lembrou que, em novembro passado, havia concedido voluntariamente um adiantamento do valor dos lucros de 50 dólares, quantia que agora será descontada.
“A partir de 2021, houve uma queda abismal nos lucros. O que nos parece muito estranho é que a empresa continua investindo em novas tecnologias”, disse à Rel, Roberto Luna, secretário-geral do Comitê Nacional de Trabalhadores da Nestlé Equador S.A.
“No final, quem sempre perde somos nós, ou seja, a força motriz da empresa, nós que tiramos a produção e geramos riqueza. O pessoal na fábrica está muito indignado”, explicou Luna.
Além de tudo isso, a Nestlé Equador decidiu “adicionalmente e de forma excepcional”, conceder unilateralmente a cada trabalhador um adiantamento de 500 dólares do valor dos lucros e resultados deste ano (2025).
“Como vão saber se deste ano vão ser tão bons? Às vezes, parece que a empresa quer nos fazer de bobos, nos mantendo calados com esse dinheirinho”, afirmou o dirigente sindical.
Além disso, Luna lembrou que, com a venda e licenciamento de marcas locais da Ecuajugos S.A., a Nestlé obteve lucros que os trabalhadores não tiveram acesso.
“Isso é outra coisa que nossos filiados estão pedindo, porque não pode ser que a Nestlé compartilhe as perdas dessa venda, mas não os benefícios”, concluiu.
Nos próximos dias, o sindicato se reunirá para tomar uma posição comum frente à empresa, e sabemos que a FELATRAN levará nosso caso a Vevey.