Desde 2014, o setor frigorífico, aproveitando-se do cenário político pós-impeachment de Dilma Rousseff e da ascensão de governos de direita, como o de Jair Bolsonaro, intensificou pressões para reduzir direitos trabalhistas e previdenciários.

Nesse período, sindicatos enfrentaram dificuldades para garantir até mesmo a reposição inflacionária, enfrentando propostas como a substituição parcial do vale-alimentação por kits de produtos das próprias empresas.

Diante da resistência da BRF, que inicialmente oferecia apenas reposição inflacionária (4,6%) e mudanças no vale-alimentação, os sindicatos iniciaram uma campanha agressiva com exposição pública dos baixos pisos salariais e benefícios e ameaça de greve com edital publicado simultaneamente em três regiões (Carambeí, Dois Vizinhos e Ponta Grossa).

A pressão surtiu efeito. Dias antes das assembleias grevistas, a BRF recuou e aceitou parte das demandas.

Foto: FTIAPR

Aumento de 20% no vale-alimentação (valor sobe para R$ 402,00/mês), retroativo a novembro de 2024; reajuste de 16% no piso salarial (passou para R$ 1.950,00), também retroativo a novembro; reajuste geral com aumento de 5% (acima da inflação, com ganho real de 0,4%).

Além de melhoras nas cláusulas sociais como incremento de 50% no valor do auxílio-creche e revisão de auxílio escolar, adicional por tempo de serviço e manutenção integral das cláusulas anteriores.

O resultado reflete a recuperação do poder de mobilização sindical em um cenário de pleno emprego e insatisfação generalizada com condições de trabalho.

A vitória é vista como um precedente para negociações futuras, demonstrando que pressão organizada pode reverter anos de perdas e impor limites à precarização.

"Este acordo é um divisor de águas. Mostra que, mesmo em setores historicamente hostis, a união dos trabalhadores pode forçar avanços concretos", destacou a FTIAPR em nota.

A BRF não se pronunciou publicamente sobre os termos, mas o acordo já está em vigor, beneficiando milhares de trabalhadores e trabalhadoras no Paraná.

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