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Pelo direito de ser e existir

Nesta terça-feira (26), o Conselho Deliberativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) aprovou a criação do Coletivo Nacional LGBTQIA+ do MSTTR.

CONTAG – Malu Souza

28 | 11 | 2024


Foto: CONTAG

A medida foi tomada a partir da importância de construir um debate formativo e coletivo sobre a diversidade do conjunto de trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Para o membro do coletivo e secretário de Jovens da FETAGRO, Wilians Santana, “enquanto sujeito LGBTQIAPN+, eu gostaria de parabenizar vocês e enfatizar que a criação deste coletivo é um marco pra nossa história dentro do movimento sindical.

Temos o direito de ser quem nós bem entendemos e de estarmos inseridos em espaços como esses de discussão e de decisão. Nós somos agricultores e agricultoras familiares, estamos envolvidos nas nossas produções, contribuindo para a soberania alimentar. Então, nada mais justo do que também ocuparmos esse espaço que é nosso por direito enquanto sujeitos da floresta, do campo e das águas.”

Os agricultores e agricultoras familiares LBTQIA+ fazem parte do conjunto de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares. E como tal, têm trazido as suas pautas para dentro do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, que tem o desafio de incorporá-las.

Rona Rouver, que também faz parte do coletivo, é uma mulher trans, da cidade de Inajá (PE), e compartilhou que “nós existimos na sociedade e, principalmente, na agricultura familiar. Somos presentes e ativas dentro desse movimento. Merecemos ser vistas, de forma clara e respeitosa perante a todos, porque existimos, isso é fato.

A partir de todas as agressões que vemos e vivemos, é importantíssimo que nos tornemos visíveis e presentes. Somos pessoas com capacidades e potências magníficas que merecemos participar de maneira direta na sociedade e em qualquer lugar.”

Ela é filiada ao Sindicato de seu município, é agricultura familiar e também técnica em agricultura orgânica. “Estudo desde os meus 14 anos de idade. Estudei e me capacitei para auxiliar a minha família. Eu sou mulher trans e quem é que conhecia alguém como eu trabalhando diretamente com a agricultura? Pois estou eu aqui. E vocês podem ver e saber que existem milhares de pessoas como eu. Então merecemos ser vistas e respeitadas”, finalizou Rona Rouver.

A criação do Coletivo Nacional LGBTQIA+ do MSTTR aconteceu durante o I Seminário Nacional LGBTQIA+ do MSTTR, realizado no dia 31 de outubro de 2024 e agora foi aprovado pelo Conselho Deliberativo.

Essa aprovação faz parte de um momento histórico e abre espaço para intensificar as discussões sobre a forma de tratar a orientação sexual e a identidade de gênero no movimento que, por sua vez, vem avançando na compreensão de que as lutas das pessoas LGBTQIAPN+ também fazem parte do seu amadurecimento.

Pelo direito de ser e existir. Nada de nós, sem nós!


Foto: CONTAG