Outro olhar
O Comitê Latino-Americano de Mulheres da UITA (CLAMU) é um espaço sindical que, desde a criação do Departamento da Mulher da Regional, com quase 40 anos de evolução, se tornou um ambiente de participação e construção coletiva.
Carlos Amorín
11 | 11 | 2024
Foto: Gerardo Iglesias
Nosso querido companheiro e assessor Gerardo Castillo o definiu há algum tempo como portador de um “novo sindicalismo”. E, sem dúvida, ele acertou. Atualmente, o CLAMU mantém e se fundamenta em suas raízes e no seu trabalho sindical, mas sua área de influência se estende muito além do âmbito estritamente laboral.
Devo explicar que alguns homens também participamos como convidados em suas atividades e reuniões, embora de maneira alguma ocupemos um papel principal e, em geral, nem sequer tomamos a palavra. Pessoalmente, compareço com a sensação de estar presenciando uma “revolução tranquila”.
Este espaço, construído e alimentado por mulheres trabalhadoras desde a criação do Departamento da Mulher da Regional, há quatro décadas, possui características únicas. Nele, elas se expressam com tempo, sem protocolos rígidos ou preestabelecidos pelos costumes sindicais masculinos.
Além da luta por condições de trabalho, salário e direitos sindicais, o CLAMU promove e realiza uma comunicação e ações que integram, de forma totalmente natural, muitos outros aspectos da vida, como a luta contra a violência contra as mulheres, dentro e fora do ambiente de trabalho, os direitos das comunidades LGBTI, o feminismo, o combate ao assédio sexual, a oposição a toda discriminação, entre outros temas.
As mulheres —especialmente as trabalhadoras— formam um coletivo de oprimidas dentro dos oprimidos do mundo. Por muito tempo ignoradas, subestimadas, excluídas dos espaços de reflexão e decisão, com voz, mas praticamente silenciadas, valorizadas como “companheiras de jornada” com pouca influência, relegadas dentro de estruturas criadas por homens, forjadas a partir de uma cultura machista e patriarcal, isto é, feitas por homens para homens.
Muito se poderia dizer sobre este assunto, mas hoje nos concentramos no CLAMU, um espaço que conseguiu abrir caminho por uma trilha sólida, abrangendo muitas sensibilidades e experiências, um ambiente onde as utopias são claras, nítidas, evidentes, tão contundentes que muitas vezes podem ser resumidas em uma palavra: dignidade.
O CLAMU se diferencia também de qualquer outra experiência similar porque reúne mulheres trabalhadoras de diferentes contextos: urbanas, camponesas, trabalhadoras rurais, operárias industriais, funcionárias públicas e privadas, com formação superior e com pouca escolaridade.
E, como se não bastasse, mulheres de todos os cantos da América Latina, com sua diversidade geográfica, étnica e cultural. É, sem dúvida, um “novo sindicalismo”, e também uma nova e vibrante revolução tranquila. Daquelas que são “realmente perigosas” para os poderes estabelecidos, e libertadoras para os e as oprimidas.
O CLAMU se prepara para os seus próximos “16 dias de ativismo”, mobilização internacional que começará em 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Sem dúvida, 16 dias para acompanhar e participar com atenção e entusiasmo.