Com Jair Krischke
Centenário da Coluna Prestes
a oligarquia
A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário que começou a se formar em 1922, mas teve sua maior expressão a partir de 1924.
Amalia Antúnez
7 | 11 | 2024
Foto: MJDH
Liderada por militares nacionalistas, conhecidos como tenentistas, o movimento se opunha ao fato de as oligarquias paulista e mineira governarem o país apenas em função de seus próprios interesses.
Em 5 de julho de 1924, para comemorar os levantes de 1922, uma nova revolta tenentista teve início em São Paulo, atuando como um foco irradiador de outros levantes: Mato Grosso (12/7/1924), Sergipe (13/7/1924), Amazonas (23/7/1924), Pará (26/7/1924) e a revolução do Rio Grande do Sul (29/10/1924).
Entre 1925 e 1927, esse grupo de revolucionários marchou por vários estados brasileiros, aqueles marginalizados pelos políticos da época.
Os sublevados falavam em nome dos “interesses nacionais” e seu programa político incluía o voto secreto, a luta contra a corrupção administrativa e a fraude eleitoral, a verdadeira representação política, a liberdade de imprensa e de pensamento, a limitação das atribuições do Poder Executivo e o restabelecimento do equilíbrio entre os poderes.
Para homenagear os 100 anos da Coluna Prestes, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) realizou um ato na manhã de segunda-feira, 28 de outubro, em frente ao local de nascimento do líder da marcha político-militar Luís Carlos Prestes, na rua Riachuelo 918, no centro histórico de Porto Alegre.
A pesquisa para identificar o endereço foi conduzida pelo MJDH, com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Após o ato, foi realizado o plantio de uma palmeira-juçara, símbolo de resistência, em uma praça próxima à residência.
“Em minha família, sempre se falava dessa façanha histórica”, lembra Jair Krischke, presidente do MJDH e promotor da homenagem, em conversa com La Rel.
“Luís Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, na rua Riachuelo, mas não sabíamos o número, então nos dispusemos a investigar para poder marcar esse local em sua memória”, relata Jair.
Mas acontece que nem os historiadores tinham esse dado.
“Um dia, falando sobre o assunto na sede do MJDH, uma jovem que trabalha conosco disse: ‘naquela época os nascimentos aconteciam nas casas, talvez esse dado esteja na certidão de nascimento’”.
“E assim foi. No entanto, nos deparamos com outro problema: na certidão dizia que ele nasceu na rua Riachuelo, número 138, mas atualmente a numeração dessa rua começa a partir do 224 e tivemos que ir ao arquivo e verificar os mapas da cidade. Descobrimos que hoje essa casa está no número 918”, conta Jair.
No mesmo dia em que marcaram o local de memória, realizaram uma atividade para debater o ponto de vista histórico e político desse movimento revolucionário, que, nas palavras de Krischke, percorreu as entranhas de um Brasil pouco conhecido por muitos e completamente esquecido por seus governantes.
Com um auditório lotado, a neta de Prestes, a socióloga Ana Prestes, e o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Miguel do Espírito Santo, foram os principais palestrantes.
“Esta foi uma das façanhas revolucionárias que marcaram a história política do Brasil. Arrisco dizer que foi quase uma epopeia, pois marcharam 25.000 quilômetros em dois anos e nunca foram capturados pelas forças do governo”, destacou o ativista.
Conhecido como o “Cavaleiro da Esperança”, Luís Carlos Prestes foi para o exílio na Bolívia. Posteriormente, sua carreira política esteve ligada à Internacional Comunista.
Foto: MJDH