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Saúde e segurança na indústria frigorífica

Quando o corpo se rebela

Nesta quarta-feira, dia 5 de junho, foi realizada a Oficina de conscientização sobre as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) na Indústria Frigorífica, organizada pela Rel UITA e sua filiada, a Federação Operária da Indústria da Carne e Afins (FOICA).

Amalia Antúnez

10 | 6 | 2024


Foto: Daniel García | Rel UITA

A atividade, realizada na sede do Sindicato Único dos Trabalhadores de Telecomunicações (SUTEL), contou com a participação de mais de 50 delegados de saúde e segurança, de trabalhadoras e dos diferentes sindicatos que compõem a FOICA.

A oficina abordou o tema das LER e as dificuldades encontradas pelos operários e pelas operárias do setor para que seja reconhecido o nexo entre a tarefa realizada e as dolências padecidas.

O Dr. Roberto Ruiz, médico brasileiro especializado em medicina do trabalho e diretor do Departamento de Saúde Ocupacional da Rel UITA, foi responsável pela oficina que abordou as diversas preocupações de trabalhadores e trabalhadoras de base que sofrem lesões osteomusculares relacionadas ao ritmo de trabalho e movimento repetitivo.

Muitos deles estão com atestado médico por esse tipo de lesões, e outros tantos afirmam que trabalham com dor.

Segundo o último relatório (2022) do Banco de Seguros do Estado (BSE), organismo estatal que regula e monitora os acidentes e doenças ocupacionais, a indústria frigorífica lidera o ranking de lesões osteomusculares devido ao ritmo intenso e repetitivo da atividade.

A faixa etária das pessoas lesionadas está entre 35 e 44 anos.

Uma realidade distante da esperada

Participaram do encontro como palestrantes a Dra.  Adriana Pisani, do Departamento de Saúde Ocupacional da Universidade da República; promotor do trabalho Gonzalo Arismendi e Cecilia Iraola e Jacinto de la Cuerda da Secretaria de Saúde da central sindical Pit Cnt.

Todos os profissionais envolvidos na defesa e prevenção da saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras concordam sobre a importância de dar visibilidade a esta situação que afeta centenas de trabalhadores de frigoríficos.

«A única maneira de influenciar nas políticas públicas de saúde e transformá-las em leis que protejam a classe trabalhadora é mostrar que o problema é coletivo, que não se trata de dois ou três casos isolados», afirmou Ruiz.

Este workshop foi o primeiro passo nessa direção.

Na quinta-feira, dia 6, as autoridades do BSE e da Comissão de Legislação do Trabalho do Senado uruguaio receberam a Rel UITA e a FOICA em uma reunião onde foram expostas as dificuldades dos trabalhadores para terem acesso a tratamentos pela seguradora e para que seja reconhecido o nexo epidemiológico entre a atividade que realizam e as lesões que sofrem.

A pesar de que a legislação trabalhista uruguaia garante o direito à atenção, uma grande parte de nossos companheiros e nossas companheiras sabe que a realidade está longe do ideal que as autoridades pregam.

O positivo é que eles estão conscientes de que é uma luta que precisa ser travada e este é o primeiro passo para mudar a realidade.