Com Elis Regina Alves do Nascimento
No dia 6 de abril ocorreu em Serafina Corrêa o Segundo Encontro Nacional de Mulher, Negritude e Diversidade, organizado pela CONTAC, a FTIA/RS e a Rel UITA. Lá conversamos com Elis Regina, diretora de formação sindical e comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Erechim e Gaurama.
Gerardo Iglesias
3 | 5 | 2024
Elis_Regina | Foto: Gerardo Iglesias
-Como você avalia este encontro?
-Esta foi a primeira vez que participei em um seminário como esse e devo dizer que foi extremamente positivo, espaços muito necessários neste momento.
A sociedade deve olhar para as pessoas negras, LGBTI e mulheres como aquilo que são: seres humanos que merecem respeito e proteção de seus direitos por toda a sociedade, direitos estes que estão consagrados na Constituição da República.
-Durante sua participação, você disse que os sindicatos devem ser espaços de transformação cultural…
-Sim. Para mim, o sindicato, como organização social, deve ser protagonista na luta pela defesa dessas pessoas, porque é o lugar onde se proporciona aos trabalhadores e trabalhadoras de diferentes etnias, gêneros e orientação sexual a consciência de seus direitos. Consciência de classe.
Além disso, os sindicatos não podem ser apenas espaços de debate, mas devem ser locais de construção de diretrizes e estratégias que garantam os plenos direitos tanto das mulheres, que são maioria, quanto das minorias como a comunidade LGBTI e pessoas negras.
As pessoas do coletivo LGBTI precisam de representação dentro dos sindicatos, serem ouvidas, terem suas histórias conhecidas, suas dificuldades, desafios, etc.
-Existe muita discriminação?
-Vou responder por mim. No meu caso, eu sofro sim, por ser lésbica, não escondo e tenho uma postura política firme.
Ainda há muitas pessoas que não aceitam que eu possa ter certos direitos, que acham que devo me contentar com migalhas. Mas não farei isso. Eu continuo lutando para conquistar meu espaço, pois as pessoas LGBTI precisam ter quem as represente.
-Você comentou hoje, e muitas riram, que aprendeu a reagir com humor…
-Neste ponto da minha vida, eu encaro as atitudes discriminatórias com humor, é verdade. Se me perguntam: você sempre foi lésbica? Sempre gostou de mulheres? Então eu respondo: olha, estudei muito, me esforcei, fiz concurso público, passei e aqui estou (risos). Chega...
Decidi que certas pessoas devem ser tratadas com ironia, e se eu puder ensinar àquelas que não entendem ou ignoram sobre a diversidade sexual, farei isso.
-Você sabe que pode contar com o Clamu e a Rel UITA para isso...
-É muito gratificante saber desse apoio. Agradeço imensamente a vocês, a Jaqueline (Leite) pela força que nos dá e às organizações que possibilitaram este seminário.
Instâncias como essa são fundamentais para promover a inclusão, especialmente das mulheres trabalhadoras, mulheres negras, mulheres LGBTI, mulheres indígenas, mulheres com deficiência.
Muito obrigada!