Com Pedro Mallmann
No dia 25 de outubro passado, o Sindicato de Trabalhadores da Cooperativa de Alimentação de Estrela e Região, que representa os funcionários da transnacional francesa Lactalis em Teutônia, concordou com um aumento real de salário, algo que não ocorria nas negociações há 8 anos.
Amalia Antúnez
07 | 11 | 2023
Foto: Fieica
“O resultado que obtivemos com a Lactalis em Teutônia se deveu, antes de tudo, à persistência do Sindicato na luta, na mobilização permanente e na conscientização dos trabalhadores e das trabalhadoras, com boletins informativos diários para refutar os argumentos apresentados pela transnacional para não oferecer um aumento real”, disse Pedro Mallmann, presidente do sindicato, à Rel.
O acordo coletivo começou a ser negociado em junho deste ano, mas, devido à falta de avanço na cláusula salarial, onde os trabalhadores exigiam um aumento real e a Lactalis insistia em oferecer apenas um reajuste pela inflação, no final de outubro, uma greve por tempo indeterminado foi declarada.
A medida deu certo, e em questão de horas a empresa concordou em assinar um acordo que prevê um aumento real para todos os salários e melhorias nas cláusulas sociais, que serão retroativas a junho, data-base das negociações.
“Quando a greve foi votada, contamos com o apoio de todos os sindicatos de alimentação da região e das duas federações que os representam (FTIA-RS e Fieica*), além do apoio da Rel UITA, que esteve sempre presente”, lembrou Mallmann.
Para o sindicalista, essa unidade de ação, juntamente com a conscientização permanente dos trabalhadores e das trabalhadoras na defesa de seus direitos, foi fundamental para alcançar um acordo histórico, uma vez que desde que a Lactalis desembarcou no Brasil, nunca lhes concedeu um aumento real.
“Quando a empresa percebeu a alta adesão dos companheiros e das companheiras à paralisação, aí então entendeu que sofreria grandes prejuízos econômicos se a greve se estendesse, e não teve outra opção senão rever sua posição”, analisou.
Para surpresa dos dirigentes sindicais do setor de alimentação, a greve na Lactalis ajudou a se chegar a um consenso na convenção coletiva de todo o setor de laticínios, há três anos sem ser alcançado.
“Foi uma vitória dupla do movimento trabalhista organizado, porque no mesmo dia as federações conseguiram assinar com o sindicato patronal, uma convenção que estava sem acordo por vários anos, além de terem vencido a intransigência da Lactalis”, destacou.
Para Mallmann, o papel das duas federações e a presença contínua da Rel UITA durante o processo de negociação com a empresa francesa, juntamente com o apoio às medidas adotadas, “demonstraram um movimento trabalhista unido, forte e com capacidade de mobilização, tanto no âmbito regional quanto internacional”.
*Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação do Rio Grande do Sul e Federação Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação.