Entre janeiro de 2016 e dezembro de 2020, o Ministério do Trabalho e da Previdência registraram 85.123 adoecimentos ocupacionais e acidentes típicos no setor de frigoríficos no Brasil. Desses, 64 levaram à morte.
Agencia Sindical
21 | 06 | 2023
Foto: Agencia Brasil
Há muito, o sindicalismo denuncia o ritmo extenuante e desumano imposto aos trabalhadores na indústria de alimentos.
Recente decisão da Justiça do Trabalho do Mato Grosso do Sul condenou a JBS de Sidrolândia a indenizar por danos materiais e morais os funcionários da unidade. Ação coletiva ajuizada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Aves de Sidrolândia.
Segundo a sentença do TRT local, de maio, o ritmo extenuante de trabalho no frigorífico explica parte das doenças ocupacionais, como Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), que afetam os funcionários da unidade.
Entre janeiro de 2016 e dezembro de 2020, o Ministério do Trabalho e da Previdência registrou 85.123 adoecimentos ocupacionais e acidentes típicos no setor frigorífico no Brasil. Desses, 64 levaram à morte.
Esses números, segundo os sindicalistas, alertam para o aprimoramento da Norma Regulamentadora (NR) 36, que estabelece protocolos de saúde e segurança aos trabalhadores de frigoríficos.
Para Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação, é possível mudar a realidade do trabalho em frigoríficos a partir da NR36.
Ele diz: “Precisamos aprimorar a NR36 pra garantir um ritmo humano de trabalho, menos acidentes e pausas ao longo do expediente. Os acidentes de trabalho têm aumentado ante o ritmo acelerado das esteiras de desossa de frango”.
O dirigente revela outro problema grave na JBS, relacionado ao vazamento de amônia, que pode levar à morte. “Não há diálogo, diferentemente de outros grupos. A JBS se mostra preocupada apenas com o lucro e não com a saúde e a vida dos seus funcionários”, critica Artur.