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Os europeus deixarão de importar produtos ligados ao desmatamento

Avistam-se problemas para o Brasil?

Em 2024, a União Europeia deixará de exportar produtos provenientes de regiões que sofreram desmatamento a partir de dezembro de 2020, incluídas a Amazônia e o Cerrado brasileiros.

Gerardo Iglesias

16 | 12 | 2022


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A medida, decidida em 6 de dezembro, ainda não ratificada, inclui o gado, a soja, a madeira, o café, entre outros produtos, de acordo com o jornal brasileiro O Globo.

O Brasil está envolvido em quase todos os setores afetados, mas as autoridades brasileiras ainda não sabem se os instrumentos de traçabilidade por elas utilizados para rastrear se as suas exportações provêm de regiões afetadas serão admitidos pela União Europeia.

Essas ferramentas foram duramente questionadas pelas recentes investigações jornalísticas, denunciando precisamente a venda por empresas brasileiras de gado e de soja provenientes do desmatamento de áreas protegidas da Amazônia Brasileira.

A Rel difundiu profusamente estas denúncias, que questionam também o papel dos países europeus, sua dupla moral e suas grandes empresas, todos envolvidos no problema.

Com esta medida, a União Europeia também pretende proibir as importações provenientes de qualquer área que tenha sido desmatada, o que no caso do Brasil abarca igualmente as áreas autorizadas pelos órgãos competentes.

A nova disposição europeia “não faz distinção entre desmatamento legal e ilegal”, disse para o jornal O Globo Leonardo Munhoz, pesquisador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas. Só fala de regiões com “excesso de atividades agropecuárias”, afirmou.

No Brasil, a derrubada da árvore é considerada legal “quando ocorre com autorização dos órgãos competentes e fora das áreas destinadas à preservação ou se forem de domínio público”, o jornal O Globo esclarece.

Os europeus não pensam em fazer essa distinção.

Com isso, colocam-se diante de um problema: “carecem de grandes alternativas para substituir o Brasil como fornecedor de carne bovina” e de soja, é o que afirmam alguns analistas e empresários brasileiros, vinculados ao agronegócio.

Essa dependência faz com que os grandes empresários do setor frigorífico não vejam com tanta preocupação a futura norma da UE, mais ainda considerando que apenas 6 por cento de suas exportações são destinadas ao mercado europeu.