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Vigência de uma retrospectiva

Os 16 Dias de Ativismo abrindo portas para o futuro

Entre os trabalhos realizados em 2021 com o grupo do Comitê Latino-americano das Mulheres da UITA (Clamu), destacou-se a avaliação da Campanha 16 Dias de Ativismo contra a violência de gênero e pela promoção dos direitos humanos.

Amalia Antúnez

08 | 11 | 2022


Mural en la ciudad de Tarariras - Uruguay | Foto: Gerardo Iglesias

Foi um encontro virtual, mas com dinâmica de grupo, realizado no dia 13 de dezembro do ano passado. A seguir, compartilharemos os resultados do encontro, convencidos da validade de seu conteúdo e da força de suas expressões.

“A Rel UITA, por meio do Clamu, vem nos fornecendo ferramentas para enfrentar a violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI por meio de capacitações, oficinas, encontros e tudo o que gerar aprendizados para o enfrentamento e a defesa destas minorias”, diz a primeira parte do mencionado resumo, enviado por Gisele Adão, Neuza Barbosa, Rosecleia Castro, Eduardo Medeiros, Felícia da Luz e Silvana Batagliotti.

Após destacar o reconhecimento dado pela Secretaria-Geral da UITA a esse destacado trabalho, o balanço indica que a tarefa do Clamu teve claramente muita visibilidade com o lançamento da campanha de 16 dias de ativismo.

“Em cada país onde temos representação, foram realizadas diferentes ações, desde a distribuição de folhetos e a realização de oficinas, até visitas a ONGs que se dedicam a prevenir e a ajudar mulheres em situação de violência”, destaca o texto.

"Além disso, identificamos os pontos fortes e fracos da campanha, e cada um dos integrantes do grupo descreveu a sua experiência."

A partir desta avaliação, concluiu-se que o principal ponto forte consistia na inexistência de líderes protagonistas. "A relação é horizontal e cada um se destaca no que faz de melhor, que é o trabalho", diz.

Outro dos pontos fortes foi a abordagem da questão LGBTI pelas estruturas sindicais.

“Pela primeira vez, os sindicatos incluíram a questão da comunidade LGBTI em sua agenda, deixando de ser um assunto para as reuniões fechadas e passando a estar nas reuniões sindicais, incluindo a entrega de panfletos nos espaços de trabalho. Isso nos faz acreditar no crescimento e no fortalecimento do nosso grupo”, enfatizam os companheiros e companheiras.

Quebrando tabus

Se fosse preciso definir os 16 dias de ativismo, pode-se dizer que o tema se tornou orgânico, destaca o relatório.

“Chegamos à maturidade de desenvolver o material, de escolher a temática e também o slogan. Tudo o que fizemos dentro do Clamu foi construído por todos e por todas. A única exigência era colocar vontade para as coisas acontecerem, com muito empenho para o trabalho”.

Quanto às fragilidades, os participantes reconheceram que o caminho ainda é longo e difícil. A falta de recursos para elaborar mais material de distribuição também foi um ponto a destacar no balanço final.

Em alguns lugares, quando era distribuído material sobre a comunidade LGBTI, surgiram resistências. Entretanto, longe de afetá-los, isto os levou a planejar atividades voltadas para trabalhadores, trabalhadoras e dirigentes sindicais, com foco na diversidade sexual dentro das esferas trabalhista e sindical.

Ideia esta realizada com sucesso em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, já em 2022.

“Começamos a descobrir que temos dirigentes sindicais da comunidade LGBTI, e que até então não podiam se assumir dentro de seus sindicatos”, diz o documento.

No processo de análise, as companheiras e os companheiros que participaram de todo o ciclo do Clamu, desde 2020, apontaram que o sindicalismo está composto quase inteiramente por homens.

Questões como a violência doméstica, a violência no local de trabalho contra as mulheres e contra a diversidade de gênero estão apenas começando a ser abordadas dentro das organizações sindicais. E em grande parte graças ao Clamu.