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Brasil | DH | VIOLÊNCIA NO CAMPO

Com Ronilson Costa

“O agronegócio é o responsável por esses crimes”

O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, bem como a descoberta e confirmação, em 16 de junho, de seus corpos desmembrados e queimados chocaram o mundo. No entanto, esta violência que se ampara na impunidade, incentivada pelo discurso de ódio do atual governo, é algo que os povos originários e seus defensores vivenciam há décadas.

Amalia Antúnez

20 | 06 | 2022


Foto: Gerardo Iglesias

“Este caso teve grande repercussão porque um dos assassinados era jornalista e a imprensa dá uma cobertura especial quando se trata de um dos seus, além do mais, ele era estrangeiro e o crime ocorreu em uma área onde a situação é desesperadora", opinou o Padre Ronilson Costa, Coordenador Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em diálogo com A Rel.

Conforme o Padre Ronilson explicou, a região sudoeste da Amazônia é uma das mais disputadas e onde se registra a maior parte dos conflitos da luta pela terra.

“Nossos companheiros da CPT que atuam naquela região relatam a enorme dificuldade enfrentada na luta pela defesa do meio ambiente, do direito à terra e pela defesa das comunidades indígenas e de outras populações”, disse.

Para o Padre Ronilson, a expansão do agronegócio pelos estados do Mato Grosso, Rondônia e agora o sul do estado do Amazonas e todo o território do Acre é a origem dos conflitos.

“O agronegócio dominou toda a região e muitas vezes são os mesmos latifundiários e sojicultores que estão no Paraná, São Paulo, Goiás, Tocantins e, além disso, contam com total apoio do governo Bolsonaro, que incentiva o setor a avançar em territórios já ocupados por comunidades tradicionais”, denuncia.

O padre também alerta sobre o aceno que o governo de Jair Bolsonaro tem com os garimpeiros, anunciando legalizar a prática, e que, se os indígenas não quiserem plantar soja em suas terras, eles poderão arrendá-las para produtores que sim querem plantar.

“Isso ocorre na prática com várias terras indígenas, sendo ilegal segundo a Constituição da República, assim como a grilagem, apoiada por projetos do governo e que faz parte do jogo do negócio ilegal de terras na Amazônia”.

Para o coordenador da Pastoral da Terra, a Amazônia acaba sendo o principal cenário para a expansão do agronegócio; da mineração ilegal; da extração ilegal de madeira; e mais recentemente do narcotráfico e das facções criminosas que atuavam antes no Rio ou em São Paulo, só que agora prestam serviços a quem mantém negócios ilegais nas terras da Amazônia.

“Em 2021, dos 35 assassinatos de lideranças camponesas, indígenas, ambientalistas ou defensores dos direitos humanos, 28 foram na região amazônica. E em 2022, dos 19 casos já registrados, 15 foram na Amazônia”, informa Costa.

Extrema crueldade

Os assassinatos do indigenista brasileiro e do jornalista britânico surpreenderam pela perversidade, mas segundo o Padre Ronilson a crueldade dos crimes naquela região vem acontecendo há muito tempo, revelando o avanço do crime organizado.

“As estratégias para fazer desaparecer os corpos com o objetivo de nunca serem encontrados e a barbárie dos fatos revelam um trabalho estruturado e sistemático", destaca.

O crime organizado no campo não é algo novo, sempre houve a contratação de pistoleiros, milicianos e policiais militares para eliminar defensores do meio ambiente e das comunidades indígenas, bem como para retirar à força os camponeses ou os povos tradicionais que ameaçarem os interesses de determinados grupos econômicos e políticos. É uma prática que já existe há décadas..

De Chico Mendes a Dorothy Stang, passando por Zé Claudio e Maria, Paulinho Guajajara e mais recentemente Zé do Lago e sua família, são milhares os ambientalistas, defensores dos direitos das populações tradicionais ou sindicalistas que foram mortos nas mãos de pistoleiros contratados por latifundiários, madeireiros, grileiros e garimpeiros.

“Os próprios integrantes da CPT somos alvo constante de ameaças de morte, não apenas por atuarmos no campo, mas também pelas denúncias que fizermos. E quando nos locomovemos para essas regiões não podemos usar nada que possa nos identificar, nem mesmo solicitar nota fiscal de qualquer coisa que comprarmos.”

O Padre Ronilson fica indignado ao relembrar as declarações de Bolsonaro sobre o caso de Dom Phillips e de Bruno Pereira.

“O presidente culpa as vítimas pelo que aconteceu com elas e esse discurso incentiva a quem mata e invade as comunidades porque se sentem identificados com os discursos de Bolsonaro e nos tratam como inimigos."

Entretanto, “não podemos perder a esperança em mudar este cenário. Já percebemos que essa transformação não virá dos governos. Portanto, o que nos resta é, com estas comunidades, lutar e resistir juntos”, conclui.

O mapa da impunidade

Assassinatos e julgamentos de 1985 a 2021

Foram 1.536 casos de assassinatos no campo, entre 1985 e 2021, com 2.028 vítimas. Desse total, 170 foram a julgamento, 39 mandantes foram condenados, 34 absolvidos, 139 executores foram condenados e 244 absolvidos.

Assassinatos de 2012 a 2021

Segundo dados da CPT, 88,94% dos assassinatos não foram a julgamento, o que mostra como a impunidade é uma ferramenta utilizada no processo para expulsar as pessoas do campo, das florestas e das águas de seus territórios.

Nos últimos dez anos, 313 pessoas foram assassinadas na região amazônica devido a conflitos rurais, o que representa 77% do total de 403 mortes no Brasil entre 2012 e 2021.

No ano passado, o número foi o maior já registrado desde 2017: foram 28 mortes nos estados que compõem a Amazônia Legal (os sete estados do norte mais Mato Grosso e Maranhão).

Assassinatos em 2022

Até agora, sem contar o assassinato de Bruno Pereira e de Dom Phillips, a CPT tinha contabilizado 19 assassinatos no campo. Destes, 15 foram na Amazônia.

 

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