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Com Wilson Vidoto
Uma greve histórica
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Marília (STIAM), Wilson Vidoto, recebeu a Rel-UITA na sede da Federação dos Trabalhadores da Alimentação de São Paulo (Fetiasp) e lembrou, entre outros temas, a participação ativa da Felatrac numa greve na Coca Cola Femsa no final de agosto de 2018.
Gerardo Iglesias
02 | 06 | 2022
Wilson Vidoto | Foto: Gerardo Iglesias
“Essa greve foi muito particular. Aconteceu quando a Femsa comprou a Spal, e tivemos que negociar enfrentando diversas dificuldades”, afirmou.
O dirigente conta que, depois de várias instâncias de negociação sem avanços, o sindicato começou a mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras que, finalmente, em uma votação muito disputada, optaram pela greve por tempo indefinido.
“No início, decidimos deixar livre o portão da fábrica para aqueles que decidissem não acatar a paralisação. Conforme foi transcorrendo a greve, fomos analisando como seguir com essa medida de força. Desse modo, depois de cinco dias de iniciada a greve, decidimos parar por completo. Só saíram os que tinham entrado para trabalhar. Depois desse dia, já não podia entrar nem sair ninguém. Mandamos que desligassem as máquinas e caldeiras e a paralisação foi total”, disse.
Vidoto indica que, para os representantes da Coca Cola, o sindicato estava desacreditado, sobretudo porque no ano anterior as organizações sindicais foram muito enfraquecidas com a reforma trabalhista de Michel Temer (2017)..
“A empresa nunca imaginou que podíamos fazer uma greve com paralisação total. Subestimou o sindicato e seu poder de mobilização, e por isso me arrisco a dizer que essa greve foi histórica”, acrescenta.
Depois de alguns dias de paralização total, se autorizou a entrada do gerente da fábrica para a retomada das negociações.
“Esse ano conseguimos melhorar todos os benefícios dos convênios anteriores, como refeitório, ticket alimentação, reajuste salarial, participação nos resultados e – o mais importante – se criaram canais de diálogo permanentes com a empresa, que seguem até hoje. Até temos na fábrica uma sala de reuniões para o sindicato, algo incomum no meio trabalhista deste país”, reforça.
Durante este conflito, a Federação Latino-Americana dos Trabalhadores da Coca Cola (Felatrac) se manteve alerta e difundiu nos canais de comunicação da Rel UITA seu total apoio à sua organização membro.
Vidoto aproveitou a oportunidade para cumprimentar e agradecer pela participação ativa da federação, representada pelos argentinos Raúl Álvarez e Pablo Quiroga, presidente e secretário geral, respectivamente.
“Espero que em todos os países da região onde opera a Coca Cola os sindicatos e a empresa possam manter o diálogo franco e respeitoso que conseguimos construir aqui. Uma boa relação só se consegue com base no diálogo democrático”, finalizou.