Brasil | SINDICATOS | AGRICULTURA

Território do Esperançar

6º ENAFOR reúne 1.200 participantes que reafirmam o compromisso pela reconstrução do país

Foto: Gerardo Iglesias
“Em cada educador, Paulo Freire viverá!
Em cada educadora, Paulo Freire viverá!”

O 6º Encontro Nacional de Formação (6º ENAFOR) foi realizado entre os dias 23 a 27 de maio de 2022, no Centro Comunitário Athos Bulcão da Universidade de Brasília (UnB), em Brasília/DF, reunindo 1.200 pessoas de todo o país.O Encontro aconteceu em um cenário desafiador, de enfrentamento ao negacionismo científico, da importância da preservação ambiental e da organização social, de descaso e de indiferença à dor do povo, bem como de desmonte dos direitos e das políticas públicas, de aumento da fome, do desemprego, entre outros retrocessos.

Por outro lado, aconteceu em um momento oportuno de construção de consciência coletiva, de unidade e de reafirmação do projeto popular de sociedade, sustentável, democrático, antirracista, igualitário, soberano, agroecológico, livre de violência, com fortalecimento da agricultura familiar e do direito à terra como território do bem viver.

Ao longo dos cinco dias, o Centro Comunitário tornou-se o “Território do Esperançar”. A partir do tema “Liberdade para Lutar, EducAção para TransFormar”, os/as participantes fizeram ecoar o grito de esperança com a força dos sujeitos do campo, da floresta e das águas. O grito pela reconstrução do Brasil e em defesa da educação popular e do legado de Paulo Freire. Como diz a canção celebrada por todos/as: “Enquanto a gente educar, Paulo Freire viverá”.

Com o objetivo de construir estratégias de fortalecimento do trabalho de base, de defesa da educação libertadora e transformadora, de incidência no processo político eleitoral, a programação do 6º ENAFOR contou com momentos potentes de análise de conjuntura, de debates, grupos de aprofundamento temático, de oficinas pedagógicas e cirandas de experiências. Além disso, foram realizados cortejos, apresentações culturais, místicas, mostra de Saberes e Sabores e de troca de Sementes Crioulas.

Contexto e conjuntura

A Análise de Contexto – Fascismo (características do que ocorre no Brasil), Democracia Participativa e Eleições (correlação de forças, ativismo organizado, Comitês Populares de Lutas), realizada no primeiro dia (23), cumpriu o objetivo de refletir sobre a conjuntura de 2022, destacando a importância do processo eleitoral para a retomada da democracia e para a reconstrução do Brasil.

O território do 6º ENAFOR também deu espaço para as Margaridas e para a Juventude Rural para realizarem dois grandes lançamentos: o da Marcha das Margaridas 2023 e do 4º Festival Nacional da Juventude Rural.

Para dar conta de toda essa programação e da infraestrutura necessária, o Encontro contou com várias comissões, envolvendo uma rede gigante de pessoas compromissadas da CONTAG, das Federações, dos Sindicatos e de organizações parceiras. Um verdadeiro “desafio bom” de compartilhar saberes, sonhos e lutas.

No último dia foi aprovada a Carta de Compromissos do 6º ENAFOR. O documento traz os anseios dos/as participantes do Encontro ao longo da caminhada trilhada até chegarem em Brasília. “Foram 5 Encontros do Coletivo Nacional, 20 Encontros Estaduais, oficinas de base, 636 experiências formativas que alimentaram e alimentam a força dos sujeitos do campo, da floresta e das águas”, destaca a Carta.

Compromisso com a luta e a esperança

Alguns dos compromissos assumidos são: “criar, a exemplo dos Grupos de Estudos Sindicais (GES), os Comitês Populares de Luta em todos os estados, nos municípios, nas comunidades, onde conseguirmos articular. Também os processos formativos que mobilizam e discutem a Marcha das Margaridas, o Festival da Juventude e o Programa Jovem Saber contribuirão com a constituição dos Comitês”.

Quanto à Política Nacional de Formação ENFOC, o compromisso firmado foi de assumir o papel político-pedagógico para o fortalecimento da ação e da organização sindical, atuando incansavelmente na multiplicação criativa para implantação dos Comitês Populares de Luta.

A Comunicação Popular foi outra questão forte deste 6º ENAFOR, com compromissos presentes na Carta: “Implementação da Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares com interação permanente com a Rede de Educadores(as) Populares; e fazer uma comunicação do povo, para o povo e com o povo, na luta por sua democratização, assim como no enfrentamento aos ataques de ódio das forças conservadoras por meio de fake news.”

Inclusão

Por fim, o documento reafirma que “as populações do campo, da floresta e das águas, militantes históricos, jovens, mulheres, homens, pessoas deficientes, pessoas da terceira idade e idosos(as), LGBTQIA+, pessoas de todas as manifestações religiosas, estão saindo do 6º ENAFOR empenhadas e empenhados na construção de uma linda caminhada nas ruas, nas urnas.

Não queremos uma política ‘morna’, vamos reacender as nossas utopias, os nossos sonhos, o que nos humaniza e nos fortalece para seguir com intensidade e inteireza na luta a favor da vida.”

O secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Carlos Augusto (Guto), avaliou que o 6º ENAFOR cumpriu o seu objetivo de ser o “Território do Esperançar”, da resistência e fortalecimento da militância.

“O nosso tema ‘Liberdade para Lutar, EducAção para TransFormar’ foi acertado e deu o rumo para o nosso encontro. A Carta de Compromissos traz estratégias importantes para vencermos o neofascismo, o cenário de desmonte e de aumento das desigualdades, em defesa da democracia e da reestruturação das políticas públicas de um modo geral.

É por esse e outros motivos que a educação popular é transformadora e libertadora. Viva a ENFOC! Viva o 6º ENAFOR”, destacou o dirigente.