Argentina | SINDICATOS | NESTLÉ
Com Leonardo Fabian Bonaberi
“Não vamos dar a eles o prazer de nos dividir”
Durante o 50º Congresso Nacional da FTIA, o secretário sindical do Sindicato da Alimentação de Villa Nueva, Córdoba, conversou com A Rel sobre a situação dos trabalhadores e das trabalhadoras da Nestlé e sobre a política antissindical que a transnacional vem realizando contra a nossa filiada.
En Mar del Plata, Gerardo Iglesias
10 | 05 | 2022
Leonardo Fabian Bonaberi | Foto: Nelson Godoy
-O que você achou do 50º Congresso realizado em Mar del Plata?
-Achei muito positivo, porque as coisas estão sendo muito bem-feitas. O companheiro Héctor Morcillo passou a prestar mais atenção ao interior do país. Ele escuta todas as reivindicações, há mais participação, então esperemos que isto se consolide e as coisas melhorem.
-Os dirigentes e as delegadas sindicais expuseram vários problemas e em muitos casos denunciaram a perseguição sindical.
-Exatamente. De nossa parte, denunciamos o que está acontecendo na Nestlé, em Villanueva. A transnacional suíça vem assediando nosso secretário-geral, Fernando Páez. E a novidade são os problemas que são registrados com empresas terceirizadas.
A Nestlé está terceirizando todos os setores, demitindo todo o pessoal permanente coberto pelo acordo 244, que é o principal convênio alimentar. Isso foi oportunamente denunciado à UITA e à Felatran.
Apesar desse clima antissindical, conseguimos algumas conquistas. Após um ano e meio de discussões e de denúncias, foi possível fazer com que eles pagassem todos os extras e que respeitassem um decreto presidencial que dizia que durante a pandemia não poderia haver nenhum tipo de redução salarial.
No início, a Nestlé não pagava os extras, depois deixou de pagar os feriados. Finalmente conseguimos que tudo fosse pago retroativamente.
-Na América Latina, a Nestlé vem implementando um processo de automatização e de robótica industrial. Como isso se dá na Argentina?
-Aqui a situação é péssima. Eles estão robotizando tudo, automatizando tudo. Procedimentos que antes eram realizados por nossos companheiros, agora são realizados por computadores.
Agora é tudo pelo celular. Os empregos estão sendo eliminados e não são substituídos por outras pessoas, mas por um telefone ou um computador. Também por isto estamos na luta, tentando fazer a empresa realocar as pessoas.
-Diante do que você disse no Congresso, o secretário-geral Héctor Morcillo afirmou que, se a Nestlé continuar com essas práticas, as demais subsidiárias onde a empresa tem fábricas serão convocadas para tomarem uma ação mais dura.
-Sim. A Nestlé agora quer fazer um convênio de empresa. Pretende reunir as suas três filiais na Argentina e fazer um convênio por fora da Federação.
Em Villa Nueva, recusamos categoricamente essa manobra. Não conseguimos falar com o pessoal da Firmat e da Magdalena, as outras duas subsidiárias, mas tenho certeza de que concordarão conosco.
Não vamos dar a eles o prazer de nos dividir.