As manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas do Brasil no sábado (29) tiveram ressonância em diferentes veículos internacionais. Os atos foram registrados em mais de 200 cidades e percorreram 14 outros países com gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela vacinação massiva da população brasileira.
O site britânico The Guardian, por exemplo, deu manchete para o tema com a seguinte frase: "Dezenas de milhares de brasileiros marcham para exigir o impeachment de Bolsonaro". Ao longo da matéria, o portal classificou como “desastrosa” a forma como o presidente da República tem conduzido a pandemia, que já matou mais de 460 mil pessoas.
O The Guardian também mencionou a ocorrência de protestos em mais de 200 cidades, registrou que 57% da população defendem o impeachment de Bolsonaro e disse ainda que as manifestações “ocorrem no pior momento” para o chefe do Executivo desde quando assumiu o posto, em janeiro de 2019.
Ao mostrar foto de matéria do The Guardian, o ator e comediante brasileiro Gregório Duvivier comparou a abordagem adotada pelo veículo britânico com a de um veículo nacional de nome não identificado na postagem. A manchete deste último destacava que o ato em São Paulo havia bloqueado a Avenida Paulista e não mencionava a bandeira dos manifestantes pelo impeachment e pela vacinação contra a covid para todos.
A mensagem de Duvivier no Twitter faz menção às críticas que surgiram neste domingo (30) a veículos brasileiros que não colocaram os protestos em suas manchetes do dia. Foi o caso dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, por exemplo.
A agência de notícias britânica Reuters, considerada a maior do mundo, ressaltou no título de uma matéria que “Brasileiros protestam em todo o país contra a resposta do presidente Bolsonaro à covid”.
O veículo escreveu que as manifestações, em sua maioria, ocorreram de forma pacífica, mas registrou a atuação policial em Recife (PE), onde os agentes lançaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os militantes.
O periódico francês Le Monde publicou matéria com o título “Mais perigoso que o vírus’: no Brasil, novas manifestações contra o presidente Bolsonaro”, citando uma das frases mais ouvidas nas ruas no sábado.
O site também mencionou a escolha dos cariocas pela concentração do ato em frente ao prédio conhecido como “Balança, mas não cai” e ironizou o tema, em referência ao impeachment, ao afirmar que “o ponto de encontro não parece ter sido escolhido aleatoriamente”.
Em matéria sobre os atos, o espanhol El País, jornal mais tradicional do país ibérico, publicou reportagem titulada como “Esquerda do Brasil sai às ruas contra Bolsonaro pela primeira vez”. O portal afirmou que os protestos contra o presidente foram ouvidos “em alto e bom som”.
Já o argentino La Nación publicou que os manifestantes emitiram palavras de ordem como “Fora, Bolsonaro”, “Bolsonaro genocida”, “Vacina já” e “Fora, Bolsovírus”. Também destacou que o presidente brasileiro se opõe à política de isolamento, promove o uso de fármacos sem eficiência comprovada contra a covid e lembrou que Bolsonaro chamou a covid-19 de “gripezinha” logo no início da pandemia.
Houve repercussão também em outros pontos do globo. O jornal peruano El Comercio publicou matéria destacando que “Milhares se levantam no Brasil contra Jair Bolsonaro”. A rede Al Jazeera, com sede no Oriente Médio, reportou que “Dezenas de milhares protestam contra os movimentos de Bolsonaro no combate à covid”.
Enquanto isso, o veículo estadunidense New York Post ressaltou que “o líder de extrema direita se recusou a impor toques de recolher e lockdowns generalizados no país”. Na Índia e na Rússia, países que estão entre os parceiros do Brasil no bloco econômico Brics, também houve repercussão jornalística.
O canal estatal russo RT publicou vídeos mostrando os protestos e disse que “dezenas de milhares de pessoas marcham contra a resposta do presidente Bolsonaro à Covid no Brasil”, enquanto o veículo indiano Times of India realçou que os manifestantes cariocas repetiam palavras de ordem como “Bolsonaro genocida” e “Vá embora, Bolsovírus”.