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A Nestlé e sua proposta de precarização do trabalho

Na quinta-feira, 15 de outubro, os trabalhadores e trabalhadoras da Nestlé recusaram a proposta da empresa durante campanha salarial, em mais uma assembleia realizada na cidade de Feira de Santana, na Bahia.
Foto: Sindialimentação-BA

Participaram da assembleia 595 trabalhadores, dos quais 70% rejeitaram a proposta de redução de direitos.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins do Estado da Bahia (Sindialimentação-BA) tem feito uma série de pressões junto à empresa para garantir direitos durante campanha salarial.

Com data-base em abril, a entidade sindical tem realizado protestos na porta da fábrica em Feira de Santana (BA), mas até o momento não recebeu retorno voltado à manutenção e à ampliação dos direitos.

Até outubro, foram realizadas 18 rodadas de negociação com a Nestlé, segundo o coordenador-geral do Sindialimentação-BA, Carlos Cerqueira.

“Seguimos em negociação com a empresa até que haja acordo sobre os direitos”, afirmou o dirigente, também vice-presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da Central Única dos Trabalhadores (Contac-CUT).

De acordo com o secretário de Organização do Sindialimentação Bahia, Eduardo Sodré, também diretor da Contac-CUT, o mínimo que se espera é um retorno da empresa à altura de seus lucros.

A Nestlé é a maior empresa de alimentos do mundo, está presente em 200 países, e mesmo assim tem deixado de garantir os direitos dos trabalhadores. Esperamos que ela não cause maior precarização, redução de salário e extinção de benefícios conquistados ao longo dos últimos anos”, afirma.

Precarização para os trabalhadores,
mais lucro para empresa

De acordo com Sodré, a empresa igualmente se nega a pagar a PLR acordada coletivamente há 30 anos. Na Bahia, a Nestlé propõe reduzir o ticket alimentação de R$ 675 para R$350 e fazer alterações no piso salarial, caso contrário, a empresa sinaliza para a possibilidade de terceirização em massa de alguns setores.

“Os trabalhadores têm garantido o aumento do lucro da empresa mesmo durante a pandemia de Covid-19 e recebem como resposta o descaso. Sabemos também que houve um crescimento global de 18,3% no lucro líquido no primeiro semestre de 2020”, destaca o dirigente.

Segundo Sodré, este crescimento foi informado pela empresa neste ano, com relação aos dados do primeiro semestre de 2020. A multinacional obteve lucro líquido de 18,9 bilhões de francos suíços, o que equivale a R$ 114,345 bilhões, uma alta de 18,3% com relação a 2019.


Manchete: Rel UITA