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Dole, uma transnacional insensível e antissindical

Ana Rosa trabalha há mais de cinco anos nas plantações da Fazenda Piñas del Muelle, localizada em Santa Rosa de Pocosol, propriedade da Standard Fruit Company da Costa Rica, subsidiária da transnacional Dole. Por ter sido exposta aos agrotóxicos, a trabalhadora contraiu diversas doenças. A empresa, em lugar de assumir responsabilidade pelos danos causados, pretende demiti-la.

Ana Rosa tem 28 anos e há três anos vem sofrendo de uma dermatite alérgica que, num princípio, foi tratada pelo próprio médico da empresa como algo passageiro.

“O médico da empresa me receitava antialérgicos, injeções e pomadas para a pele. A alergia parava momentaneamente, mas eu nunca ficava curada”, conta Ana Rosa.

Passados quase dois anos sem notar que a saúde da sua paciente melhorasse, e sem que os tratamentos indicados surtissem efeito, o médico da empresa Dole encaminhou Ana Rosa a um dermatologista. Este, após informar-se do trabalho ao que ela estava exposta, encaminhou-a para o Instituto Nacional de Seguros (INS), como sendo um caso de risco trabalhista.

“Fiz um teste de alergia e os níveis estavam muito acima do normal. O INS considerou que a minha alergia estava vinculada ao fato de estar exposta aos agroquímicos nas plantações de abacaxi onde trabalho. Solicitaram que eu mudasse de setor”, relata.

A trabalhadora foi transferida para o setor de jardinagem da empresa.

“Depois de um ano o INS já não cobre mais o seguro médico por atendimento dermatológico. Foi por esse motivo que eu voltei a ser encaminhada à Previdência Social sem estar curada”, explicou.

Depois de trabalhar um ano e meio no setor de jardinagem, Ana Rosa começou a sofrer dores lombares, impedindo-a muitas vezes de andar. Diante deste novo quadro, a Dole a enviou aos seus próprios especialistas, para comprovarem a veracidade dessas dores.

“Na consulta, o especialista me disse que eu não devia me agachar nem levantar peso. Diagnosticaram uma hérnia de disco”.

Implicância

O médico recomendou que a paciente fosse transferida, neste caso para a área administrativa. A empresa Dole não só descumpriu a recomendação, como mandou a trabalhadora para o seguro desemprego.

A trabalhadora conta que além de manter o filho, também ajuda a manter seus três sobrinhos.

Além disso, a mãe da Ana Rosa é diabética, precisando também da ajuda da trabalhadora, cujas doenças foram comprovadamente causadas pela sua exposição aos agrotóxicos nas plantações de abacaxi.

Para Ana Rosa ficar sem trabalho não pode ser uma opção, portanto a trabalhadora reivindica que a empresa a transfira para o setor administrativo.

“Acredito que por ser dirigente sindical, estão me colocando todas essas travas, estão me negando o direito a trabalhar e a poder manter a minha família.

Além disso, preciso do trabalho para continuar meu tratamento médico. E, como estou doente, querem me descartar, só que se esquecem de que eu ainda posso trabalhar, que tenho um certificado médico informando que posso cumprir tarefas administrativas. E é o que eu estou disposta a fazer”.

A dirigente também destacou o fato de não ser este um caso isolado nas plantações da Standard Fruit Company (Dole). É enorme o número de trabalhadores sofrendo doenças também crônicas.

As trabalhadoras do campo sofrem infecções urinárias devido ao fato de os banheiros estarem longe à beça. Sem falar nas péssimas condições de higiene dos mesmos, levando muitas a preferirem urinar no mato, entre as plantações, a usarem o banheiro. Com isso, elas ficam ainda mais expostas aos agroquímicos, porque estão no solo, e se espalham com o calor e o vapor”, disse. 

Ana Rosa denuncia o fato de outras trabalhadores sofrerem alergias similares à sua. Ela também informa que há homens sofrendo insuficiência renal crônica. Obviamente, a empresa nega ter qualquer responsabilidade nisso, exigindo que os trabalhadores provem a correlação entre a doença e o trabalho.

Essa é a luta que temos agora. 

“Agradeço muito à Rel UITA por sempre noticiar e denunciar o nosso drama. Ficamos doentes trabalhando”, destacou.

No dia 8 de fevereiro, haverá uma reunião no Ministério do Trabalho onde será abordada a questão da condição de saúde de Ana Rosa. Tanto o seu sindicato, o SINTRASTAFCOR, como a FENTRAGH, estão organizando uma campanha internacional para que a Dole reintegre a trabalhadora.

A Rel UITA apoia e participa desta campanha.