-Depois de vários meses de negociação, por que o diálogo foi interrompido? Em que falharam?
-Infelizmente, a empresa em nenhum momento teve intenção de chegar a um acordo.
A Nestlé não quis escutar as nossas demandas, apesar de todas as cláusulas da nossa pauta de reivindicações estarem sustentadas na realidade, seja ela do mercado, do setor ou da empresa. A transnacional só dilatou este processo.
Depois de 21 reuniões sem nenhum avanço real, consideramos que era hora de terminar com essa relação direta com a transnacional. Não podemos nos permitir que façam chacota da comissão negociadora da empresa. Somos tratados como mendigos, nos oferecem esmolas.
-Por que a empresa não quer chegar a um acordo?
-Os benefícios que exigimos em nossa pauta de negociações, se aprovados, beneficiarão os nossos filiados e serão ampliados aos trabalhadores que não estão filiados ao nosso sindicato.
Ao não atender as nossas demandas de maneira sorrateira, a empresa está promovendo a não filiação ou a desfiliação sindical.
-O que a empresa oferece como contraproposta aos trabalhadores?
-Em todas as oportunidades, a empresa nos ofereceu aumentos sem considerar o custo da cesta básica de alimentos, parecidos aos dos anos anteriores: 3 centavos de dólar. Nunca modificou esta oferta.
É um escárnio para a dignidade do trabalhador. A empresa se nega a atender praticamente 90 por cento de nossos reajustes convencionais e em troca nos oferece uma miséria. Atuam como avarentos, oferecendo-nos – há dois anos do presente convênio – além de um irrisório aumento, um pack com 8 pacotes de biscoitos de nome Morochas.
-Quem perde com isso?
-Perdemos ambas as partes. Parece que a Nestlé não tem interesse em perder a imagem de empresa socialmente responsável, que cuida das necessidades de seus trabalhadores. Chegamos a esta grave situação porque a equipe empresarial vem atuando de maneira intransigente, esquecendo-se de que nós contribuímos para gerarem seus enormes lucros.
-Quais são as próximas ações que o SUNTRANEP empreenderá?
-A Nestlé está promovendo atos antissindicais: marca reuniões no interior da fábrica, convoca os trabalhadores filiados e os desinforma.
Nestas reuniões sugerem ações que deveriam ser promovidas pelos membros da comissão negociadora do sindicato, para resolver o conflito. Soma-se isso a pouca vontade de negociar e de atender nossas demandas.
Esperamos que nesta etapa de conciliação mudem de atitude. Nós iremos às ruas e se for necessário entraremos de novo numa greve indefinida.
Esperamos que não nos obriguem a isto.