-Em que situação se encontra a negociação com a empresa?
-Depois de muitos cancelamentos e reprogramações, foram levadas a cabo 14 reuniões onde colocamos nossas reivindicações em matéria de benefícios remunerativos e não remunerativos.
Infelizmente, o empresariado peruano não quer ver a realidade das coisas, muito menos o aumento real do custo de vida, da cesta básica familiar.
A comissão negociadora da empresa nos apresentou propostas baseadas na inflação declarada pelo Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), uma informação que não é precisa, porque se utiliza de dados distantes da realidade.
A empresa repete sempre a amarga mensagem de que se pedimos valores em função do custo de vida real, a produção sofrerá reveses e serão obrigados a fechar linhas, como já o fizeram, alegando redução de custos.
- Algumas das reivindicações de vocês são difíceis de cumprir por parte da patronal?
-Não, não são. Mas para isso é preciso existir boa fé e vontade de parte dos negociadores da empresa.
Algumas das cláusulas apresentadas reivindicam exatamente aquilo que a política da empresa prega: a equidade e igualdade de direitos e benefícios para todos os seus trabalhadores e trabalhadoras.
Mas, isso na prática não se cumpre. Na Nestlé existem seis sindicatos. Quatro deles são históricos e dois vêm da D’Onofrio, empresa peruana de sorvetes, guloseimas e panetones, comprada pela Nestlé.
Cada sindicato tem diferentes benefícios reconhecidos. O que estamos reivindicando é a igualdade de direitos para todos os trabalhadores e trabalhadoras da Nestlé Peru, que não haja diferenças.
-Que perspectivas se abrem?
-Com relação à nossa negociação coletiva, seguir lutando para que se respeite o que é justo e legal para as trabalhadoras e os trabalhadores nucleados no SUNTRANEP.
Iremos às ruas se for necessário, sabendo que contamos com o apoio da Federação Nacional dos Trabalhadores do Setor da Indústria de Alimentos, Bebidas e Afins (FNT-CGTP-ABA), e internacionalmente da UITA e da Federação Latino-americana dos Trabalhadores da Nestlé (Felatran).
Nos próximos dias a UITA e a Felatran informarão à transnacional Nestlé em sua casa matriz da Suíça sobre o protelamento por parte da empresa nas negociações.
Esperamos chegar a um bom acordo sem necessidade de tomar medidas de força.