Em matéria veiculada no jornal O Estado de São Paulo Marcio de Chiara, demonstra que o número de trabalhadores no agronegócio diminuiu.
O autor afirma que “o número de trabalhadores no agronegócio caiu 1,9% ao ano de 2012 a 2017, sobretudo os informais, e o rendimento cresceu 7% no período.”
Isso representa 1,7 milhões de pessoas que perderam seu emprego no setor, com agravante maior na agricultura que teve queda de 5% no período.
Destaca-se o trabalho informal (sem carteira assinada) que teve queda de 3,4%. Já o trabalho formal (com carteira assinada) teve redução de 1,4%.
Ainda, de acordo com estudo da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), a mão-de-obra ocupada no agronegócio em 2014 era de 32%. Em 2017 esse número diminuiu para 19%.
O estudo destaca que o aumento da tecnologia aplicada ao setor, fez com que a produtividade e a renda dos ocupados aumentassem.
Mas o que isso representa na ótica do mercado de trabalho?
Os números demonstram duas questões favoráveis aos trabalhadores: A primeira é o aumento da renda e a segunda é a redução do trabalho informal.
Porém, ao mesmo tempo, isso representa que programas como o Renovação da União da Indústria da Cana de Açúcar (ÚNICA), não foram bem-sucedidos ou suficientes.
Boa parte dos trabalhadores que antes se alocava na monocultura da cana, em trabalhos manuais, ficou “à deriva” e teve que, por exemplo, se deslocar no cultivo da cana para Estados como o Pernambuco, onde a mecanização é de aproximadamente 5% da produção ou para cultivos como o da laranja, cuja mecanização é menor.
O mesmo efeito ocorre também em outros cultivos como o de soja, que possui alta mecanização.
Além desse processo de migração dentro do próprio setor, boa parte desses trabalhadores que ficam desempregados, se aloca em outros setores de atividade econômica, como serviços e construção civil que não exigem tanta requalificação da mão-de-obra e parte significativa deles de maneira informal (isso representa redução ou manutenção de renda).
Esses dados demonstram a fragilidade das políticas públicas em benefício dos trabalhadores, em especial no meio rural, tanto do Estado quanto do próprio setor privado que, em muitos programas de qualificação ou de requalificação da mão de obra, recebem subsídios do Governo.
Portanto, a aplicabilidade da tecnologia no campo não é uma ação que traz malefício aos trabalhadores, o que não é feito ou feito de forma ineficiente, são as ações de compensação às perdas desses postos de trabalho, em sua maior parte os trabalhadores não são beneficiados com as políticas públicas do Estado e do setor privado