O terrorismo precisa ser combatido com o compromisso democrático de cidadania, com a atuação dos organismos de segurança na esfera nacional e internacional, com a implementação de políticas econômicas e sociais geradoras de coesão mundial para as sociedades humanas em que vivemos, respeitando escrupulosamente o Estado de Direito.
O terrorismo, seja qual for a sua raiz, é intolerável para qualquer sistema democrático. Lutar contra ele é um elemento central para a defesa da democracia.
O mundo precisa também ser reorientado para pilares mais coletivos e menos individuais, contrariamente ao que impõe o neoliberalismo.
Há que lutar em demasiadas frentes de batalha. Em todas elas a luta deve ser travada respeitando-se o Estado de Direito, conquistado numa longa batalha pela democracia.
Vivemos em um sistema econômico que não gera coesão. Pelo contrário, desestrutura as bases de convivência do ser humano.
Não é possível aceitar as escandalosas situações de desigualdade presentes no mundo, assim sem mais, porque todos nós as vivemos e vemos diariamente nesta era das modernas tecnologias da comunicação.
Vemos, por exemplo, democracias frágeis ou inexistentes, direitos fundamentais violentados, pobreza e miséria que deveriam revoltar as consciências de qualquer ser humano, frustrações diante da falta de perspectivas da classe trabalhadora e da classe média.
E um escandaloso e inaceitável exibicionismo do poder econômico por parte de uma extrema minoria, provocador de uma nula distribuição da riqueza gerada por todos, fundamentalmente pelos trabalhadores e trabalhadoras e pelos setores intermediários.
Este novo capitalismo, que nos desafia como coletividade humana, deve ser combatido com um projeto de sociedade democrática, cujo centro de sua alma contenha uma equitativa distribuição da riqueza, uma consolidação em todas as esferas dos direitos fundamentais presentes na Carta dos Direitos Humanos, entre os quais está a opção livre das pessoas por suas crenças políticas, culturais e religiosas.
Es difícil escrever estas convicções após um atentado terrorista que seus autores pretendem justificar como uma resposta de caráter religiosos, quando nem sequer representam a maioria da comunidade muçulmana mundial.
Es difícil escrever porque a direita e as classes dominantes o instrumentalizam a favor de seus interesses, pretendendo nos colocar como os loucos que vivem nas periferias da sociedade.
Entretanto, devemos ser indiferentes a isto, porque nós, os socialistas, acreditamos na democracia e em uma organização inclusiva das sociedades em que vivemos. Devemos, portanto, ter o valor de discutir os graves problemas que o ser humano enfrenta ao tentar construir uma organização social justa e equilibrada.
Em poucas palavras: estamos contra o terrorismo, mas também contra um sistema econômico que gera violência, como observamos todos os dias nas guerras e na pretensão de diminuir a democracia reduzindo ou eliminando direitos democráticos, econômicos e sociais da classe trabalhadora e da imensa maioria da cidadania.
Hoje mais do que nunca ou, como sempre, devemos defender o sentido crítico e os valores do socialismo democrático.