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Entre o circo e a farsa
Em Montevidéu,
Brasil
    POLÍTICA | JUSTIÇA
    O processo de  impeachment da Dilma Rousseff
    Entre o circo e a farsa
    20160420 Impeachment610 344
    Foto: elpais.com
    Este é o pior parlamento da história recente do Brasil, disse para a Rel meses atrás Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre. Domingo passado, durante a votação que aprovou na Câmara  o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, esta afirmação ficou demonstrada.
    Nenhum dos 367 deputados (mais de dois terços da Câmara), que neste domingo 17 de abril votaram sim  para o impeachment, declarou fazê-lo pelas causas que supostamente motivariam um afastamento da presidenta (uma possível maquiagem das contas públicas).

    “Voto iluminado por Deus”, proclamaram os numerosos integrantes da chamada “bancada evangélica”; “dedico este voto à minha família” (pais, filhos, netos, até a sogra), disseram quase todos os deputados pró-impeachment.

    Nesse ambiente de circo, particularmente um legislador se destacou. Jair Bolsonaro, um militar da reserva, declarou sua felicidade por poder repudiar “os comunistas” ao apoiar o processo político contra Dilma.  

    Eleito pelo Partido Progressista, até há poucos dias atrás aliado do governo, Bolsonaro dedicou seu voto a Carlos Brilhante Ustra, em suas palavras “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff ’’, o único militar condenado por torturas, e depois insultou Jean Willys, representante do Partido Socialismo e Liberdade.

    Willys não aguentou e cuspiu na cara de Bolsonaro, famoso por suas provocações em plena Câmara e por defender a ditadura de 64. Legisladores opositores protestaram contra o gesto de Willys, e o chamaram de intolerante, grosseiro, agressivo, baderneiro e vingativo.

    “Vocês não deviam se escandalizar com o cuspe na cara de um canalha, que cospe diariamente nos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Ele cospe diariamente na democracia. Ele usa a violência física contra seus colegas na Câmara, chamou uma deputada de vagabunda e ameaçou estuprá-la. Ele cospe o tempo todo nos direitos humanos, na liberdade e na dignidade de milhões de pessoas ", respondeu o legislador do PSOL.

    Mas, os deputados pró-impeachment não o escutavam, continuavam clamando por Deus e pela pátria, agarrados em bandeiras brasileira e gritando “tchau Dilma”, insultando a curta distância quem votava contra o processo político e ovacionando quem o apoiava. O parlamento era um estádio e os deputados a torcida.

    Talvez o mais paradoxal foi o fundamento de voto de deputados acusados de delitos muito mais graves do que os imputados à Dilma, proclamando inflamados serem visceralmente contra os “roubos e a corrupção”.

    Um terço dos 532 integrantes da câmara de deputados do Brasil são investigados atualmente por corrupção. Entre eles está Eduardo Cunha, presidente do corpo, um dos principais articuladores do processo político contra a presidenta.

    Nos dias prévios à votação de domingo, tanto a Unasur como a OEA tinham afirmado que não existiam fundamentos para julgar Dilma Rousseff.
     
    Alguns países chamaram isto de golpe de Estado disfarçado, ou mesmo de farsa...
     
    Rel-UITA
    21 de abril de 2016

    Tradução: Luciana Gaffrée

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