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Back setores Frigoríficos “Estão muito pior que nós”
“Estão muito pior que nós”
Em Buenos Aires,
Argentina
FRIGORÍFICOS
Com Alberto Fantini
“Estão muito pior que nós”
A realidade dos trabalhadores
dos frigoríficos dos EUA
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Alberto Fantini
Secretário geral da Federação Gremial do Pessoal da Indústria do Setor das Carnes da Argentina, Fantini participou no mês passado do encontro de sindicatos do setor de frigoríficos dos Estados Unidos, realizado no estado de Nebraska. “O que eu vi lá é tão duro que me chocou. Nós estamos melhor, o que já é dizer muito”, contou para A Rel.
-Que conclusões você tira de sua viagem aos EUA?
-Foi um congresso muito grande, com muitos participantes, cerca de 800.

Junto aos companheiros do Brasil, visitamos um frigorífico em Nebraska. Uma das coisas que nos deixou surpresos, logo de cara, foi o fato de 90 por cento dos trabalhadores dos frigoríficos serem de origem latina, centro-americanos em sua maioria.

Outra questão foram as condições de trabalho: péssimas.

Eu achava que não existiam essas coisas em um país democrático. Os 3.000 trabalhadores das fábricas da JBS abatem cerca de 4.000 animais por dia, trabalham com a roupa da rua, as mulheres com saias, em um ritmo infernal.

Apesar disso, vimos que temos problemas em comum e que devemos unir forças para conseguir avançar.

A JBS é a principal exportadora de carne do mundo e opera de maneira parecida em cada país, e as organizações sindicais de um lugar podem fazer coisas pelos companheiros de outro.

Ficamos de nos reunir novamente em outubro ou novembro próximos, para analisar não só a JBS, mas também a indústria frigorífica global e seus problemas.

-E estabelecemos o compromisso de que uma delegação dos EUA virá até a Argentina...
-Sim, e virão uns dez sindicalistas norte-americanos ao Brasil e à Argentina. O curioso é que somos tidos como exemplo. Mesmo com alguns dizendo que as leis trabalhistas argentinas são fraquinhas, não é como eles veem.

Contamos com leis que são invejadas em muitas partes. Nos Estados Unidos, quando um trabalhador adoece, fica em uma situação bastante grave, porque o sistema de saúde é administrado pelos empresários. Aqui eles estão mais controlados.

Essa experiência, que vivemos lá nos EUA, nos fez refletir sobre o nosso modelo sindical e de negociação coletiva, bem como a necessidade de defendê-lo com todas as nossas forças.

Eu achei que, quando chegássemos aos Estados Unidos, íamos nos admirar com um montão de coisas e íamos dizer “isto sim é exemplo”, e agora vejo que o exemplo somos nós.
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Fotos: Nelson Godoy

Rel-UITA
14 de abril de 2015
Tradução: Luciana Gaffrée
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