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Back mulher “É necessária uma lei de emergência nacional”
“É necessária uma lei de emergência nacional”
Em Buenos Aires,
Argentina
MULHER
Com Silvia Villaverde e Patricia Alonso
O disseminado horror do feminicídio
“É necessária uma lei de emergência nacional”
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Na Argentina, milhares de pessoas saíram às ruas em resposta à convocação local da Marcha contra os Feminicídios. A Rel conversou com duas importantes dirigentes da UITA – Silvia Villaverde, do Sindicato dos Pasteleiros, e Patrícia Alonso, secretária geral do Sindicato dos Padeiros de Lomas de Zamora, e também presidenta do Comitê Latino-Americano da Mulher (Clamu) – com relação ao fato de as mulheres argentinas estarem totalmente indefesas aos ataques, inclusive no ambiente de trabalho*.
-Como percebem essa convocação, realizada sob o lema de “Nem uma a menos”?
SV- Se por um lado na Argentina há uma ótima legislação contra a violência de gênero, queremos que ela realmente seja cumprida. Temos que falar das coisas como realmente são, sabendo que dispomos dos meios necessários para solucionar estes problemas.

Temos a lei 26.485, que foi sancionada há seis anos, mas no orçamento do Estado, a verba para o Conselho Nacional das Mulheres representa apenas 0,004 por cento do total.

PA- Esta convocação significa a possibilidade de dar visibilidade a um problema social muito importante que tem a ver com uma matriz, uma estrutura machista que está inserida na sociedade.

Na Argentina, a cada 30 horas uma mulher é assassinada. E o assassinato é somente o último degrau de uma longa escalada de violências onde o Estado não tem respostas.

A lei de erradicação da violência contra a mulher não está completamente regulamentada. E não temos um plano nacional federal para fazer frente a este flagelo.

Aquelas pessoas que são vítimas da violência são novamente vitimizadas pelo próprio Estado.

-É possível reverter essa situação?
PA–Isto se reverte com a criação de uma lei de emergência nacional. A problemática de gênero deve ser, por exemplo, incluída nos programas escolares.

A marcha de 3 de junho é fundamental, mas não é suficiente. Precisamos de soluções urgentes, não basta nos sentirmos horrorizados cada vez que lemos (no jornal de uma morte mais. Temos que prevenir, evitar as mortes.

-De que forma a mulher pode receber ajuda, na falta de leis firmes?
PA–O que acontece é que, diante da ausência do Estado, somos nós, as organizações intermediadoras, que estamos contendo e acompanhando estas mulheres.

Hoje há juízes que terminam acusando as próprias vítimas de terem provocado os fatos, e os feminicidas terminam recebendo a pátria poder dos filhos das mulheres que eles maltratam.

Precisamos de uma justiça justa, assim como de uma maior capacitação das autoridades policiais para saberem receber a denúncia e acompanhar as vítimas.

-Existe também violência no ambiente de trabalho?
SV–Existe, e é um assunto que também não podemos resolver apenas nós, porque não compete somente aos sindicatos, mas ao mundo do trabalho como um todo.

-O que os sindicatos podem fazer para ajudar a frear essa violência?
SV-Muitas organizações sindicais tratam da questão da violência no trabalho, mas chega um momento onde, muitas vezes, tanto a mulher como o homem, vítimas de violência no trabalho, terminam sendo demitidos.
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Fotos: Nelson Godoy
Rel-UITA
12 de junho de 2015

NOTA: *As entrevistas foram realizadas separadamente.

Tradução: Luciana Gaffrée

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