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Cemitério clandestino no Baixo Aguán
Em Tegucigalpa,
Honduras
DENDÉ
Cemitério clandestino no Baixo Aguán
O COFADEH anuncia a exumação de restos de camponeses desaparecidos, a Rel-UITA estará presente.
No próximo dia 25 de abril, na Fazenda Paso Aguán, a poucos quilômetros da cidade de Tocoa, será feita a exumação dos restos mortais de um dos cinco camponeses desaparecidos durante o violento conflito agrário que, nos últimos 3 anos, abalou o Vale do Aguán. A Rel-UITA acompanhará este momento tão crucial para as famílias camponesas organizadas
A petição foi apresentada pelo Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (COFADEH), pelos familiares dos desaparecidos, pelo Movimento Unificado Camponês do Aguán (MUCA) e pela Promotoria Especial de Direitos Humanos, depois de, no dia 3 de abril passado, as organizações camponesas terem denunciado a descoberta de ossadas humanas enterradas em uma das fazendas recuperadas.
 
Nesta mesma fazenda, que o latifundiário e produtor de dendê Miguel Facussé Barjum reclama como sua, foi descoberto no ano passado o corpo enterrado do dirigente rural Gregorio Chávez, que havia sido sequestrado alguns dias antes.
 
Não temos mais nenhuma dúvida de que, no Baixo Aguán, não só assassinam, estuprammulheres, torturam, mas também praticam um crime brutal, a desaparição forçada”, disse Bertha Oliva, coordenadora do COFADEH.
 
Durante uma conferência de imprensa lotada, a defensora de direitos humanos lembrou que o delito de desaparição forçada não prescreve, e que o COFADEH vai buscar justiça, seja onde for.
 
“Vamos persegui-los, não com as armas mortais utilizadas por eles, mas sim com os instrumentos que a lei nos dá”, frisou Oliva.
 
Os trabalhos de exumação serão realizados por especialistas da Fundação de Antropologia Forense da Guatemala, juramentados pelas autoridades judiciais da cidade de Trujillo.
 
Por temer que a área encontrada fosse contaminada ou que as evidências fossem manipuladas, a população isolou a área e estabeleceu uma vigilância permanente durante quase três semanas.  
 
“Não vai ser uma simples exumação, mas um momento de solidariedade com os parentes das vítimas, um momento para se criar consciência, para se lembrar da existência de pessoas ainda desaparecidas que precisam ser encontradas.
 
Falar disso -continuou Oliva- é falar da memória, da história, é denunciar, com a verdade, os crimes atrozes que nunca jamais deveriam ser praticados”, enfatizou a coordenadora do COFADEH.
 
União Europeia
 
A exumação coincidirá com a presença de vários embaixadores da União Europeia, que na região visitarão e se reunirão com as comunidades e com as organizações camponesas, para escutar suas denúncias e demandas.
 
A presença de diplomatas no Baixo Aguán e no processo de exumação se dá no contexto de acompanhamento da Declaração de Tocoa, assinada em maio do ano passado, durante a Audiência Pública sobre direitos humanos das comunidades camponesas desta região, da qual a Rel-UITA participou.
 
Estamos constantemente denunciando a onda de repressão desencadeada contra as comunidades camponesas, vítimas das forças armadas do Estado e da segurança particular, cujos capangas protegem unicamente os interesses dos latifundiários.
 
Exigimos a desmilitarização do Baixo Aguán, o fim da repressão e da impunidade. Não queremos continuar apenas exumando os nossos companheiros, mas também queremos ver que os responsáveis estejam sendo punidos”, disse  Yoni Rivas, secretário geral do MUCA.
 
Atualmente, o índice de impunidade em Honduras chega a 80 por cento dos crimes cometidos no país. Uma porcentagem que é ainda maior no Baixo Aguán.
 
“Estamos em um déficit considerável quando falamos em garantir justiça para os tantos casos de violação dos direitos humanos no Baixo Aguán. Precisamos ver que o ciclo de execução da justiça seja concluído com as decisões acertadas, e que a autoridade judicial deixe de abusar de suas funções”, afirmou German Enamorado, Promotor especial  de direitos humanos.
 
Finalizando a conferência de imprensa, Bertha Oliva solicitou aos jornalistas presentes encaminhar “a atenção da comunidade internacional para o Baixo Aguán visando a que se detenha o massacre de inocentes.

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Rosa Ena Lara (Familiar de desaparecido), Yoni Rivas (Secretário geral do MUCA), Bertha Oliva (Coordenadora COFADEH) e Germán Enamorado (Promotor Especial de Direitos Humanos)
 
Foto: Giorgio Trucchi
  
Rel-UITA
25 de abril de 2013
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