A deputada Ada de Luca (MDB), ideóloga do projeto, lembrou em Audiência Pública realizada na segunda-feira, 9 de agosto, no Legislativo de Santa Catarina, que uma em cada quatro mulheres brasileiras não tem acesso a absorventes higiênicos e desse alto percentual, pelo menos 50 por cento nunca discutiu o assunto na escola.
O encontro virtual, convocado pela deputada Luciane Carminatti (PT), contou com a participação de diversas especialistas, que abordaram a menstruação a partir de uma perspectiva multidisciplinar, como um assunto que deve ser tratado sem tabu, como um processo natural do corpo feminino e deve fazer parte de uma agenda de saúde pública para as mulheres.
Algumas das histórias que surgiram durante o encontro pareciam retiradas da Idade Média: mulheres que carecem de utensílios específicos para a higiene pessoal durante o período menstrual, e que tampouco contam com um banheiro.
Esse aspecto da saúde tem impacto direto na escolaridade de meninas e jovens, afetando seu desenvolvimento futuro e ampliando a desigualdade de gênero.
A iniciativa do Legislativo de Santa Catarina visa a universalizar o acesso aos absorventes higiênicos com distribuição gratuita nos postos de saúde e também nos centros escolares de educação pública, tendo como principal objetivo considerar esse assunto como uma questão de saúde pública.
Anne Teives, da Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina, lembrou que 1.500.000 brasileiras vivem em residências sem banheiro e que pelo menos 213 mil meninas e adolescentes não têm banheiros adequados em suas escolas.
A Audiência Pública destacou que entre a população mais vulnerável estão as mulheres privadas de liberdade e também aquelas que vivem em condições de extrema pobreza.
“Em um contexto de crise social e econômica, agravado pela pandemia de Covid-19, muitas famílias quando têm que escolher entre comprar um absorvente higiênico ou alimentos, terminam optando por alimentos”, informou Teives.
A Rel UITA participou como ouvinte dessa Audiência Pública por entender ser esse um problema de toda a América Latina e que a proposta de Santa Catarina pode servir de exemplo para os outros países da região.
Se aprovada for, bem-vinda será!