Trabalhadores da unidade da Lactalis (leite Parmalat, Elegê, Président, Batavo) de Teutônia-RS recusaram, nesta quinta-feira (24), a proposta de reajuste salarial oferecida pela empresa, nas negociações salariais deste ano.
CNTA
30 | 08 | 2023
Foto: CNTA
Foram 86% dos votos contrários a uma oferta que apenas repõe o índice inflacionário (3,74%), e não recupera o passivo das negociações frustradas dos últimos anos.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins (CNTA), a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT (Contac) e a Secretaria Regional da União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Rel UITA) apoiam os trabalhadores de Teutônia.
De acordo com os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores de Estrela-RS, que tem a subsede de Teutônia em sua base, a Lactalis nunca recuperou as perdas inflacionárias desde a instalação da unidade.
“Em 2020, em plena pandemia e fábrica trabalhando sem cessar, a multinacional francesa ampliou suas exportações em 167%, recebendo incentivos fiscais para aquisição e ampliação de unidades pelo país.
Nas negociações de 2021, a empresa propôs reajuste que repunha em 80% as perdas inflacionárias, um achatamento salarial absurdo dado o contexto”, protestou o presidente do Sindicato, Pedro Mallman, que também preside a Federação do Rio Grande do Sul.
A decisão dos trabalhadores de Teutônia reflete a irritação com esta sequência de perdas. A unidade é a maior das 21 fábricas da Lactalis no país, com cerca de 450 trabalhadores. E foram praticamente 600 os votantes na assembleia realizada na quinta-feira (24), reivindicando um ganho real de 2% acima da inflação.
O sindicato não descarta paralisação, ação que tem total apoio de CNTA, Contac e Rel UITA.
“Em 2022 já havíamos articulado um movimento nacional contra a intransigência da Lactalis, que se utiliza do potencial econômico e da fragilidade do mercado de trabalho no país para retirar direitos dos trabalhadores”, comentou o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo.
A multinacional francesa possui 10 mil trabalhadores no Brasil, nas 21 unidades espalhadas por 8 Estados da Federação.
Exportou 167% mais em 2020, e obteve incentivos do governo estadual gaúcho para instalar unidades como a de Teutônia.
Em 2022, adquiriu as unidades da DPA Nestlé em Araras-SP e Garanhuns-PE. No mundo, são cerca de 80 mil trabalhadores, em 250 unidades, 88 países.