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Recorde de resgates de trabalhadores

Brasil e sua matriz escravista

Mais de 3.000 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão no Brasil durante 2023. A cifra é a mais alta desde 2009, apesar da dramática falta de inspetores que se constata atualmente.

Amalia Antúnez

1 | 2 | 2024


Imagen: Allan McDonads

Desde a criação dos grupos de inspeção móvel em 1995, o número de pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão chegou a 63.400.

O trabalho no campo lidera a lista. As plantações de café são o lugar onde mais trabalhadores em condições análogas à escravidão foram encontrados (300 pessoas), seguidas pelo cultivo de cana-de-açúcar (258).
Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul compartilham o pódio dos estados brasileiros onde houve mais resgates de pessoas nessa situação.

As operações de resgate são realizadas por grupos formados por instituições como o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a Defensoria Pública da União, entre outros.A falta de fiscais do trabalho é uma das principais dificuldades para aprofundar o combate ao trabalho escravo.

"Temos menos de 2.000 fiscais do trabalho em atividade. Este é o número mais baixo desde a criação da carreira em 1994. Mesmo assim, conseguimos realizar, em 2023, o maior número de ações fiscais", destacou Roque Renato Pattussi, coordenador de projetos no Centro de Apoio da Pastoral do Migrante.

Significado e alcance

O termo trabalho escravo é utilizado no Brasil para designar a situação em que uma pessoa é submetida a trabalhos forçados, jornadas de trabalho exaustivas, servidão por dívidas e/ou condições degradantes.

Não é necessário que estejam presentes os quatro elementos: basta um deles para constituir a exploração do trabalho escravo.

No Brasil, 95 por cento das pessoas submetidas ao trabalho escravo são homens jovens, devido às atividades que geralmente requerem força física.
As mulheres também estão expostas a essa prática criminosa. Apesar de representarem apenas 5 por cento dos resgatados, há contextos em que constituem uma parte significativa do total, como no setor têxtil em São Paulo, além de estarem sujeitas ao sub-registro em atividades como trabalhos domésticos e trabalho sexual.


(Com informações da Agência Brasil)