SINDICATOS

Sem categorização não há acordo

Trabalhadores da Nestlé dão um ultimato à direção da empresa

Estende-se a negociação
Sem categorização não há acordo
Trabalhadores da Nestlé dão um ultimato à direção da empresa
Os trabalhadores da fábrica da Nestlé Uruguai deram um ultimato à companhia para que realize uma categorização de funções antes do encerramento da negociação do Conselho de Salários. Caso contrário, não haverá acordo e as medidas sindicais serão intensificadas.
Desde outubro de 2012, os trabalhadores da fábrica da Nestlé no Uruguai estão lutando pela adoção de um sistema de categorização dos postos de trabalho, o que traria equiparação de uma série de benefícios para os trabalhadores especializados, particularmente no tocante à questão salarial.
 
Até o momento, nada ficou definido, a direção continua estendendo esse assunto, e foi assim que, desde julho de 2013, os trabalhadores se declararam em Assembleia Permanente.  
 
Durante o Conselho de Salários – órgão de negociação tripartite- o Sindicato de Trabalhadores da Nestlé Uruguai, subordinado à Assembleia Geral, decidiu assinar um novo acordo até que a empresa considere uma recategorização que seja baseada na proposta da comissão formada para esse fim e, também, alinhada à legislação trabalhista do país.  
 
Em diálogo com A Rel, Eduardo Villar, Roberto Bordón, Ricardo Fernández e Eduardo Mechlovits, dirigentes do Sindicato, relataram que a atitude protelatória da direção se tornou insustentável.
 
“Com relação à recategorização, isto é, à categorização – porque o que a empresa atualmente faz para denominar os postos de trabalho é um sistema de escalões – é uma reivindicação que vem do convênio anterior”, lembra Bordón.
 
Bordón também esclareceu que “desde outubro do ano passado estamos insistindo na necessidade de transformar essas reivindicações em realidade, que começou como um pré-acordo, mas que até agora não deu em nada, e já estamos negociando no Conselho de Salários”, frisou o dirigente.  
 
De acordo com os trabalhadores, estão sendo adotadas, desde meados deste ano, uma série de medidas para pressionar a empresa a realizar a categorização que já passou por várias etapas.  
 
“Desde maio, a direção aprovou (de boca) uma proposta de categorização realizada pelo Sindicato, ficando apenas no tinteiro a descrição de qual seria a Oficina, sem se chegar a um consenso, mas até agora só passamos de reunião em reunião, sem concretizarmos nem assinarmos nada”, informou Mechlovits.
 
Villar relatou “Começamos em junho com greves de duas horas por turno e passamos, então, a nos declarar em Assembleia Permanente, não apenas por causa da categorização, mas também por causa dos pontos do convênio anterior que não foram cumpridos, como, por exemplo, a entrega de uniformes. Por este motivo, inclusive, foi feita uma paralisação de 24 horas”, disse.
 
Depois de muitas idas e vindas, e de várias reuniões sem sucesso, e dentro do âmbito do Conselho de Salários, o Sindicato decidiu que sem categorização não haverá acordo.
 
“O primordial é aplicar uma nova categorização visando a melhorar as condições salariais dos trabalhadores que possuem especialização dentro da fábrica – explica Fernández– principalmente porque a diferença salarial que existe atualmente entre trabalhadores recém-chegados e que desenvolvem tarefas de empacotamento, por exemplo, e aqueles que realizam uma tarefa especializada ou que implica riscos, como a operação de máquinas e empilhadeiras, é muitas vezes irrisória. Para que tenham uma ideia, estamos falando de algo em torno de 13 a 20 pesos uruguaios (1,2 a 1,8 reais).
 
“Se quiserem parar, que parem”
 
“Quando dissemos na última reunião do Conselho tripartite, que não iriamos assinar nada se não fosse considerada a questão principal do convênio anterior, que é a categorização, a resposta que recebemos da gerente da fábrica, Ana Peluffo, foi que “se quiserem parar, que parem”. Essas foram as suas palavras”, relembrou Mechlovits.
 
Diante desta postura da direção, os trabalhadores começaram a planejar uma estratégia para pressionar a transnacional, apoiando-se na Federação Latino-Americana de Trabalhadores da Nestlé (FELATRAN), que reunirá o seu Comitê Executivo nos próximos dias 7 e 8 de outubro, em São Paulo, na sede da Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação (FETIASP).
 
“Fomos convidados a participar da reunião do Comitê Executivo da FELATRAN, e lá denunciaremos esta situação que, sem dúvidas, será levada à representação da Nestlé na reunião anual realizada com a transnacional em Vevey”, declarou Mechlovits.
  
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 Foto: Gustavo Villarreal