Com Carmen Benítez
O combate contra a precariedade no trabalho
Formalizar a informalidade
Especialista em educação operária, responsável regional do Departamento de Atividades para os Trabalhadores (ACTRAV) da OIT, Carmen Benítez participou do Seminário «Extensão do piso de proteção social para os trabalhadores do setor rural», que aconteceu em Montevidéu entre os dias 25 e 29 de novembro. Nesta entrevista com A Rel, Carmen nos fala da necessidade de esforços conjuntos entre a Rel-UITA e a OIT para combater a informalidade.
-Como você avalia este seminário?
-Estamos muito satisfeitos porque acredito que superamos os objetivos que havíamos fixado em princípio, isto é, avaliar as experiências, fazer um balanço da situação no setor rural e, principalmente, obter insumos para o programa FORLAC, que nasceu há pouco tempo no escritório regional da OIT e que visa à “formalização da informalidade”.
Para nós, trabalhar no setor rural é indispensável porque é lá que temos os maiores desafios em matéria de informalidade.
O fato de ter trabalhado em conjunto com a Rel-UITA e com a Confederação Sindical das Américas (CSA) nos permitiu enriquecer o debate, principalmente porque vocês já têm um acúmulo importante de propostas e estratégias, muito necessárias para enfrentar o que virá pela frente.
–Percebo que você está muito entusiasmada com respeito à participação de nossas organizações filiadas…
-Claro, é uma gente muito comprometida, que também demonstra que conhece muito bem o seu setor de atividades e que, apesar das enormes dificuldades existentes, continua trabalhando e construindo.
Isto faz parte do processo de auto-reforma sindical e do processo que busca trabalhar em unidade e em aliança com os outros coletivos sociais, que são tão importantes para combater a informalidade no trabalho.
–Concordamos que, nesta região, o movimento sindical não se detém, apesar das múltiplas dificuldades…
-Efetivamente, é uma região que está à altura dos desafios e da conjuntura.
Basta pensar neste pequeno país, Uruguai, onde estão sendo desenvolvidas políticas para implementar as normas internacionais do trabalho, algo bastante mais difícil de se fazer em outros lugares.
Há aqui uma análise das causas que estruturam a desigualdade e as causas da injustiça social, que abre maiores brechas de trabalho decente. Há uma inteligência organizada e estratégica, sem medo de enfrentar os desafios, que são gigantescos.
Eu voltei para a minha região e ao meu país, o Peru, há pouco tempo –trabalhei durante muito tempo na Itália– e para mim é uma grande alegria poder fazer parte destes processos, onde o que se está gestando é uma América Latina capaz de responder aos desafios da globalização, principalmente o desafio de construir mais trabalho decente e com maior justiça social.
–Iremos com o compromisso de articular trabalhos conjuntos entre a Rel-UITA e a ACTRAV.
-Exatamente. O objetivo deste evento era justamente poder desenvolver com vocês estratégias conjuntas e acompanhá-los nessa grande luta que estão fazendo pela organização dos trabalhadores do setor, e assim o faremos. Não tenha dúvidas disso!
Foto: Carlos «Cadu» Eduardo