SINDICATOS

Campanha Nacional de Combate aos Acidentes de Trabalho

Trabalhadores do setor de bebidas retornam à CNI para reduzir acidentes de trabalho

Com Artur Bueno Camargo
Campanha Nacional de Combate
aos Acidentes de Trabalho
Trabalhadores do setor de bebidas retornam à CNI
para reduzir acidentes de trabalho
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 Foto: Gerardo Iglesias
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) retomou quarta-feira (15/10), junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), a discussão de ação unificada para reduzir e combater os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais no setor de bebidas no Brasil.
 
O Brasil possui atualmente 144 mil trabalhadores no setor, sendo São Paulo o principal Estado em número de trabalhadores, com 33 mil; seguido por Rio de Janeiro (15 mil) e Pernambuco (11 mil). As maiores concentrações de trabalhadores estão ligadas aos grupos Coca Cola (66 mil) e Ambev (32 mil).
 
Diante de denúncias envolvendo acidentes e doenças ocupacionais nas indústrias de bebidas, a CNTA Afins lançou esse ano a Campanha Nacional em Combate aos Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais no Setor de Bebidas, durante encontro nacional da categoria, realizado em fevereiro, em São Paulo (SP). 
 
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social (MPAS), entre 2010 e 2012, foram registrados 16.848 acidentes no setor, com 42 mortes no mesmo período. Os principais acidentes são quedas, queimaduras, traumas psicológicos e esmagamentos, e são registrados, principalmente, nas fabricações de refrigerantes e cervejas.
 
“Esse setor exige muito dos trabalhadores, principalmente, dependendo da época de produção, como no Carnaval. Como o consumo aumenta em certas épocas, o setor exige produção elevada e isso acaba exigindo do trabalhador uma atividade que muitas vezes vai além de suas condições humanas. Este é um setor muito lucrativo e é preciso que haja por parte do governo, mais cobrança quanto ao investimento das empresas em torno da prevenção de acidentes”, comenta Bueno.
 
Dando continuidade à campanha, a CNTA Afins foi recebida pela CNI em março desse ano para discutir ações conjuntas. Na ocasião, participaram das discussões representantes da Regional Latino-americana da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (Rel-UITA) e da Federação Argentina de Trabalhadores Cervejeiros e Afins (FATCA). Em abril, a CNTA Afins entregou propostas de trabalho à CNI, com o objetivo de buscar um consenso entre as iniciativas a serem tomadas pelas entidades.
 
Para Artur Bueno, as empresas não podem ser vistas como inimigas dos trabalhadores, nem se tornarem fontes geradoras de acidentes e doenças ocupacionais em virtude do lucro e da ganância. Ele também destaca que a falta de investimento privado e criação de políticas públicas específicas atingem ainda os contribuintes, que terão de arcar com os afastamentos de trabalhadores. 
“Os empresários precisam ter consciência de que não é através de acidentes e de doenças, e da falta de investimento nessa área, que irão alavancar suas empresas. Se eles (empresários) investissem em melhores condições de trabalho, com mais segurança e saúde para o trabalhador, eles teriam um profissional por mais tempo na empresa e, com certeza, que iria produzir mais e melhor. O empresário precisa pensar em longo prazo. Por outro lado, é importante que o trabalhador tenha consciência e passe a cobrar e valorizar sua saúde e segurança.”, conclui.