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“Quando trabalhar é um inferno”

Apresentação do livro “Trabalhar e adoecer na agroindústria”

2ª Conferência Estadual de Saúde
do Trabalhador e da Trabalhadora
“Quando trabalhar é um inferno”
Apresentação do livro “Trabalhar e adoecer
na agroindústria”
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Foto: Dario Falero
A 2ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora comemorada em Florianópolis nos dias 25 e 26 de junho passados foi o momento propício para o lançamento de um novo livro da Rel-UITA, que trata sobre as deploráveis condições de trabalho no setor agroalimentar. A publicação dá visibilidade a um problema social gravíssimo, com foco no padecimento cotidiano que afeta milhares de homens e mulheres.
O Dr. Roberto Carlos Ruiz, um dos organizadores da publicação junto com a jornalista Fernanda Ikedo, realizou a apresentação do livro Trabalhar e adoecer na agroindústria nesta quinta-feira 26, diante de um auditório com mais de 300 delegados e delegadas, líderes políticos, gestores municipais, acadêmicos e representantes do movimento operário.
 
“Em lugar de criar as bases materiais para garantir a dignidade familiar e promover a planificação de projetos de vida coletivos –comentou Ruiz– o trabalho nos frigoríficos se converteu em um espaço de sofrimento, de maltrato permanente, onde a intensificação do ritmo de trabalho junto com as exigências para atingirem as metas impostas pelas empresas de maneira autoritária moem carne e trabalhador ao mesmo tempo”
 
O texto não se limita a denunciar o massacre sistemático sofrido pelos trabalhadores, mas também apresenta propostas de reabilitação, propõe ferramentas e soluções para que as condições de trabalho deixem de ser um labirinto de horror.  
 
Além disso, sistematiza o agir, particularmente dos sindicatos e do Ministério Público do Trabalho (MPT), na construção da NR36 que estabelece os requisitos mínimos no controle e monitoramento dos riscos existentes no processamento da carne, estipulando e garantindo padrões de segurança e de saúde.  
 
Na conclusão do livro, Roberto Carlos Ruiz afirma que “No Brasil não só é preciso questionar a precarização dos ambientes de trabalho, mas também é preciso enfatizar na questão do aumento da exploração da subjetividade, daquilo que o ser humano tem como seu bem mais valioso: a saúde”.  
 
A mensagem é clara, os sindicatos precisam trabalhar em duas vias: no atendimento aos trabalhadores com lesões, apoiando-os em suas reivindicações, unindo-se à sua voz de denúncia, mas também na luta para que o respeito ao ser humano e aos seus direitos não fique fora dos portões das fábricas e nem seja ignorado pelas ações do Estado.
 
Os Autores
 
Fernanda Ikedo, jornalista, autora do livro-reportagem Ditadura e repressão em Sorocaba e do documentário «Por que lutamos». É jornalista do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
 
Flávio Magajewski, médico, Doutor em Ergonomia, servidor da Secretaria de Estado da Saúde e professor do Curso de Medicina da UNISUL.
 
Jamir Sardá Jr, psicólogo, MSc e PhD em Medicina pela Universidade de Sydney – Austrália, psicólogo clínico do Espaço da ATM e Centro da Dor Baía Sul e professor do Curso de Psicologia da Univali.
 
Marcos Aurélio Espíndola, historiador, Doutor em Geografia Humana e pós-doutorando no Projeto Desastres Ambientais e Políticas Públicas em Santa Catarina (PPGICH-UFSC), Paulo Antônio de Barros Oliveira, auditor fiscal do MTE aposentado, professor associado do Programa de Pós Graduação da UFRGS.
 
Roberto Carlos Ruiz, médico, pesquisador em saúde e trabalho, com especialização em medicina do trabalho (USF) e saúde do trabalhador (FIOCRUZ), residência médica em medicina interna (PUC − SP) e mestrado em medicina preventiva e social (UNICAMP).
 
O livro contou com o apoio do Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia (SASK) e da central dos trabalhadores da Suécia Lo-Tco.
 
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Foto: Gerardo Iglesias