Tecendo com as próprias mãos a educação escolar que queremos
Direitos conquistados não podem ser negados
II Encontro Nacional
de Professores Indígenas
de Professores Indígenas
Tecendo com as próprias mãos
a educação escolar que queremos
a educação escolar que queremos
Foto: Lucía Iglesias
Começou em 28 de outubro, no município de Luziânia, GO, o II Encontro Nacional de Professores Indígenas, cujo objetivo é discutir a grave situação atual da educação escolar indígena, bastante distante da reivindicada pelos povos indígenas e garantida não só na Constituição, como também em leis específicas.
Para Gilberto Vieira secretário-adjunto do CIMI –Conselho Indigenista Missionário, o Ministério da Educação do Brasil, estados e municípios não vêm cumprindo a legislação nem respeitado a diferencialidade educacional.
A complexidade gerada pelos diferentes povos não é refletida na programação curricular, por exemplo. Ou seja, cada povo indígena reivindica uma determinada autonomia educacional.
“Um exemplo seria a questão do tempo. O ano letivo começa em março e termina em dezembro. Porém, os povos indígenas precisam definir se esse tempo é o que seria o melhor para eles. Isto é, precisam ter autonomia em termos de tempo, de gestão escolar, de currículo, de contratação e formação docente, etc.”, assevera Vieira.
Rosimeire Diniz, uma das coordenadoras do encontro e integrante da coordenação do CIMI na Regional do Maranhão, afirma que «com esse segundo encontro o Conselho possibilita o diálogo de diferentes povos para discutir a situação escolar indígena a partir da realidade de cada povo.
Nesse sentido, direitos que foram conquistados e agora estão retrocedendo precisam ser discutidos e enfrentados pelos próprios professores, alunos, comunidades, para poderem cobrar do governo o respeito dos direitos garantidos e avançar na conquista de novos direitos. Um exemplo disso seria a gestão das escolas com autonomia».
Estamos aqui para que isto mude
Por uma educação onde os povos indígenas
sejam protagonistas
sejam protagonistas
Flauberth Guajajara, professor dos Povos Guajajara, Terra Indígena Pindaré Maranhão, comenta: “a nossa expectativa para esse encontro é buscar parcerias para a luta por uma educação de fato, específica e diferenciada, o que não vem sendo respeitado dentro de um direito garantido.
Visto que, atualmente, as escolas –principalmente no estado do Maranhão, vivem sem autonomia, com problemas estruturais na parte de recursos humanos, materiais didáticos, etc.
Estes problemas têm dificultado o desenvolvimento de um trabalho que possa ter resultados satisfatórios, respeitando a interculturalidade e as tradições.
Hoje, no que se refere à questão de currículo, este atualmente (é praticamente igual ao da escola não-indígena, e deveria ser diferente, pois a lei garante o direito à especificidade do nosso trabalho. E estamos aqui para que isso mude”, ressaltou Guajajara.
«Nós estamos em busca de uma parceria maior que seja de ajuda para nossa educação», observou Márcia Cohmxicwyj Krikati, professora do território dos Povos Krikati, do Maranhão.
«A educação que recebemos hoje é do estado, os livros didáticos são construídos por não-indígenas.
Nós os professores indígenas queremos construir os nossos próprios livros didáticos, porque o importante é mostrar os nossos trabalhos, as nossas tradições, a História contada por nós, os nossos cantos, forma de vestir, identidades e cultura em geral”.
Foto: Lucía Iglesias