04
Febrero
2016

Trabalhadores da Alimentação lançam campanha nacional para as negociações de 2016

Confederação orienta ações conjuntas e regionais para garantir poder aquisitivo da categoria

Em Brasília, Clarice Gulyas
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Foto: Gerardo Iglesias

A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) lançou nesta sexta (29/01), a Campanha Nacional de Mobilização e Ação Para as Negociações em 2016.
A iniciativa contempla uma pauta nacional de orientação aos sindicatos e federações, que é fruto de encontros setoriais realizados no período de 25 a 29 de janeiro, em São Paulo.

O objetivo do documento, que abrange os interesses dos 1,5 milhão de trabalhadores ligados, principalmente, às indústrias frigoríficas e de bebidas (Ambev, Coca-Cola, Heineken, Kirin, BRF, JBS) é traçar estratégias de reação a situações de demissões em massa, redução salarial e de benefícios, reajustes abaixo da inflação e más condições de trabalho.

Questões gerais como o interdito proibitório e a interferência de órgãos públicos na atuação sindical também foram debatidos no encontro.

Segundo o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, o que motivou o encontro foi a dificuldade de negociações enfrentadas durante o ano passado.

"Nós optamos por realizar esse encontro logo no início do ano por entendermos que as representações sindicais não podem permitir que os empresários continuem a querer a jogar nas costas dos trabalhadores esta crise que não foram eles que cometeram.

Não podemos mais aceitar desculpas em relação a crise porque sabemos que muitos grupos de empresas financiaram campanhas eleitorais, inclusive, de deputados, governadores, presidente da república.

Então, se há crise é porque realmente tem alguém que não está cumprindo o seu papel corretamente e quem financiou essas campanhas também têm sua parcela de culpa, portanto, entendemos que essa parcela de culpa as empresas devem ser responsabilizar. ", comenta.

Segundo a entidade, a principal queixa recebida por parte dos representantes da categoria profissional da Alimentação foi dificuldade de reajustes salariais dignos aos trabalhadores, muitas vezes, com negociações firmadas abaixo da inflação.

"Foi unânime a decisão de que nós precisamos desenvolver uma campanha permanente para não só garantir o emprego dos trabalhadores, mas para evitar que sejam reduzidos os postos de trabalho.

Estamos abertos às negociações, com as entidades abertas ao diálogo, mas jamais permitiremos a imposição com demissões ou qualquer pretensão de redução de direitos.

É importante ressaltar que toda campanha salarial de 2016 será acompanhada atentamente e, sempre que solicitada, a confederação estará presente para lutar para que os trabalhadores não paguem a conta desta crise que não provocaram.", avalia Bueno, que conclui: "Dentro daquilo que nós discutimos é importante ressaltar que essa posição tirada no nosso encontro também inclui que não permitiremos que nenhum órgão público ou privado venha interferir nas ações das entidades sindicais, que, por sua vez, estarão mobilizando os trabalhadores".

Na avaliação do presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo (FETIASP), Melquíades de Araújo, "Nas horas de dificuldades as negociações têm que ser melhores".

Segundo ele, a expectativa é que a crise econômica se aprofunda neste ano, gerando mais incertezas. "Estamos enfrentando a inflação alta e a falta de confiança inibe os investimentos por parte da indústria e aí segue o caminho que conhecemos: queda na produção e o desemprego. Mas não podemos pagar a conta", afirma.

"Além de lutarmos por melhores reajustes salariais, vamos continuar as lutas pela redução dos juros altos e mudanças na política econômica desenvolvidas pelas centrais sindicais", declara, enfatizando que os trabalhadores da categoria da alimentação precisam manter a unidade na luta para obterem conquistas.