03
Junio
2016

Após ameaça de paralisação, BRF recebe representantes dos trabalhadores

Clarice Gulyas
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Foto: Gerardo Iglesias

Com o objetivo de frear o chamado "novo modelo de remuneração" da BRF, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) irá se reunir com representantes da gigante de alimentos nesta segunda (06/06), às 13h, em Curitiba (PR).
Em abril, após encontro nacional da categoria, trabalhadores decidiram rejeitar propostas salariais abaixo da inflação e ameaçaram paralisar as atividades em todo o país, caso a BRF não abrisse diálogo em nível nacional.

Criticada pela maioria dos sindicalistas, a nova política salarial da BRF congela salários e foca na negociação de produtos e benefícios.

De acordo com a CNTA Afins, que representa os interesses de aproximadamente 100 mil trabalhadores da BRF no Brasil, a indústria tem praticado uma política rígida de relacionamento com as entidades sindicais durante as negociações coletivas de trabalho.

A região Sul do país concentra atualmente a maior parte dos trabalhadores (cerca de 54 mil), em 20 unidades industriais.

"Existe uma expectativa muito grande por parte da representação dos trabalhadores com a reunião.

Precisamos interromper essa política perversa que a BRF vem praticando, no sentido de não querer sequer repor a inflação no salário dos trabalhadores", afirma Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA Afins.

Comparativos financeiros 2014 / 2015

Líder global na exportação de proteína animal e com produção de alimentos que chegam a mais de 120 países, a BRF conta atualmente com 35 unidades industriais no Brasil (principalmente nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) e 21 centros de distribuição.

Além disso, a dona das marcas Sadia e Perdigão possui 13 fábricas no exterior (seis na Argentina, uma no Reino Unido, uma na Holanda, quatro na Tailândia e uma nos Emirados Árabes) e 40 centros de distribuição.

De acordo com pesquisa recente (de 2015) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), feita a pedido da CNTA Afins, a receita líquida da empresa totalizou R$ 32,197 bilhões, 11% a mais do que em 2014.

O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado e consolidado cresceu cerca de 17% em 2015 se comparado a 2014, atingindo R$ 5,735 bilhões.

A margem EBITDA foi de 17,2% no ano, ante 16,9% em 2014. O lucro líquido ajustado foi de R$ 3,111 bilhões em 2015, frente à R$ 2,225 milhões em 2014 (alta de quase 40%).

Emprego

Em 2015, a BRF empregava 105.733 funcionários no mundo, sendo que deste total, 100.488 (95%) estavam localizados no Brasil, o que configurou a empresa como uma das três companhias que mais empregam no Brasil.

Segundo o relatório da BRF, sua força de trabalho é composta em sua maioria por homens (56%).

Com relação à localização geográfica, são os estados da região Sul que concentram a maior parte de sua mão de obra: 54.133 trabalhadores (53,9%).

No que tange à rotatividade do trabalho, ainda segundo o mesmo relatório, foram contratados 22.965 novos trabalhadores em 2015, enquanto 27.161 foram desligados. Saldo negativo de 4.196 vagas.

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Foto: CNTA