FRIGORÍFICOS

Produtores contra a cartelização no setor das carnes

Aumentam as vozes de protesto

Monopólio da indústria da carne
Aumentam as vozes de protesto
Produtores contra a cartelização no setor das carnes 
A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) decidiu endurecer o jogo contra o chamado “Cartel da Carne”. Com aprovação unânime das lideranças de produtores rurais do estado do Pará, reunidas por ocasião do 40º Encontro Ruralista, encerrado no último dia 13, divulgou a moção contra o monopólio dos frigoríficos.
O documento traz sete itens principais, entre eles o de que o Grupo JBS (Friboi) detém o poder de compra do boi vivo para abate e industrialização. A Faepa pede às autoridades que investiguem o suposto abuso de poder econômico. Diz a moção:
“Os produtores rurais do Estado do Pará, reunidos por ocasião do 40º Encontro Ruralista promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Pará e representados pelas lideranças dos 130 Sindicatos presentes em 136 municípios, resolvem tornar pública a seguinte MOÇÃO que é dirigida, principalmente, às autoridades federais e estaduais, expressando a profunda preocupação do agronegócio em relação aos fatos a seguir expostos:
 
 1) Há, aproximadamente, dois anos começou a se desenhar no país um quadro de extrema gravidade, com a concentração do poder de compra do boi vivo para abate e industrialização nas mãos de um único grupo econômico;
 
 2) Embora a verticalização, também no setor da pecuária, seja plenamente apoiada pela Faepa, não há como aceitar essa perigosa e acintosa tendência de monopolizar a indústria da carne, configurando cartelização, proibida pelo direito pátrio;
 
3) O gritante achatamento do preço da arroba do boi, sendo o menor preço do Brasil, está sendo sentido pelos produtores rurais, a partir do ingresso do Grupo JBS na região, começando pela aquisição do Grupo Bertin, em Marabá, à qual seguiram-se as compras e/ou arrendamentos de plantas industriais nos municípios de Redenção, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Eldorado dos Carajás, Novo Repartimento, Altamira e Novo Progresso.
A maioria dessas instalações estavam em pleno funcionamento e foram sumariamente fechadas.
 
4) Um exemplo claro da assertiva acima é o fato de que das 15 (quinze) unidades frigoríficas para exportação e comercialização interna, registradas no Serviço de Inspeção Federal, 11 (onze) pertencem ao Grupo JBS localizadas nos municípios de Redenção, Marabá, Santana do Araguaia, Tucumã, São Félix do Xingu, Novo Progresso, Xinguara, Eldorado dos Carajás, Altamira, Água Azul do Norte e Santa Maria das Barreiras.

5) Essa situação, abusiva em todos os sentidos, tem vários reflexos negativos na economia, entre os quais a perda de, em média, 870 postos de trabalho direto e indireto por planta e os impostos que o Estado deixa de recolher em razão da paralisação dessas atividades, causando, em decorrência, o agravamento das questões sociais que advém da não geração de empregos e de renda.
 
 6) Para se ter um pálido cenário da situação reinante no mercado do boi, basta citar que, na região Sul/Sudeste do Pará, aproximadamente 840 mil cabeças encontram-se sem poder ser abatidas nas plantas existentes e fechadas.
É preciso destacar que, historicamente, em nosso Estado, a oferta do boi em pé sempre foi maior que a demanda (a taxa de desfrute significa a disponibilização de 4 milhões de cabeças para um abate de 2,8 milhões segundo a capacidade instalada), sendo que a diferença de 1,2 milhão era destinada na ordem de 700/800 mil cabeças para o Nordeste brasileiro e 400/500 mil reses para exportação.
 
7) Novos investidores na indústria frigorífica perdem o interesse no mercado, desestimulados pela cartelização no setor.

Em face do exposto, mesmo em forma resumida, os produtores rurais denunciam à Nação e às autoridades responsáveis os fatos relatados e que comprometem a segurança alimentar da população no que concerne ao consumo da carne bovina, requerendo que sejam tomadas as medidas cabíveis para a correção dessas distorções, incompatíveis com o regime democrático e com a liberdade de competição no mercado dentro das leis que regem a economia”.
 
O CORREIO tentou contato com o Grupo JBS, mas não conseguiu uma palavra da empresa sobre o que foi divulgado pela Faepa. O assessor de uma das divisões do grupo limitou-se a confirmar que, até ontem, a empresa não havia se pronunciado oficialmente.  
 
20131125 marfrig-610