Em janeiro de 2013, o JBS comprou os ativos do Frigorífico Independência
Empréstimo do BNDES ao frigorífico Independência está sob investigação
Em janeiro de 2013, o JBS comprou os ativos do Frigorífico Independência
Um empréstimo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 250 milhões ao frigorífico do Grupo Independência virou alvo de investigação nesta semana.
Em 2008, o BNDES adquiriu por R$ 250 milhões uma participação no Frigorífico Independência, em Mato Grosso do Sul, correspondente a 21,8% da composição acionária da empresa. As informações a seguir são do portal Nova News.
O diretor do BNDES, Julio Cesar Raimundo afirmou, na última terça-feira (15), na Câmara dos Deputados, que o pedido de recuperação judicial do Grupo Independência, três meses depois de o banco federal pagar R$ 250 milhões por 21,8% em participações acionárias, foi inusitado.
Segundo ele, a decisão pegou todo o mercado de surpresa. “A empresa tinha auditoria, tinha balanços publicados sem ressalva no ano de 2007 e foram esses os elementos que o BNDES utilizou para tomar a sua decisão de investimento”.
O diretor lembrou que o frigorífico conseguiu outros R$ 300 milhões em linhas de crédito por bancos internacionais operando no Brasil, após o investimento da BNDESPar, subsidiária do banco para atuações acionárias.
Os esclarecimentos foram feitos durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Nenhum dos dois autores do requerimento, deputados do DEM Onyx Lorenzoni (RS) e Ronaldo Caiado (GO), veio ao debate. O deputado Lira Maia (DEM-PA) justificou a ausência pela dificuldade dos parlamentares em viajar a Brasília.
Maia criticou a atitude do BNDES de priorizar a empresa em relação a outras de menor porte que não receberam recursos do banco.
Para o deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR), chama atenção a contabilidade que não exprimia com clareza a situação do frigorífico. “A instituição se baseou em informações erradas.” O parlamentar falou, porém, que o banco reconheceu o erro cometido e deve buscar novos meios para avaliar futuras aquisições.
O caso
De acordo com informações da Agência Câmara, na época da operação, as dívidas do Independência com credores já chegavam a R$ 4 bilhões. Em fevereiro de 2009, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial. A compra pelo BNDES previa outros R$ 200 milhões em investimentos, elevando a participação acionária do banco para 33%. A ação foi interrompida depois do anúncio de concordata.
Na tentativa de recuperar o dinheiro investido na empresa, o BNDES recorreu à Câmara Arbitral do Mercado de Capitais da Bovespa, e tentou obrigar os controladores do Grupo Independência a fazer uma recompra das ações do frigorífico em poder do banco, mas foi derrotado na ação. O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou que a decisão ainda é liminar e o BNDES tomou as ações necessárias para tentar reaver parte dos recursos.
Em janeiro de 2013, o JBS, dono do grupo Friboi e maior processador de proteína animal do mundo, comprou os ativos do Frigorífico Independência. Em novembro de 2012, a maioria dos credores do frigorífico tinha aprovado a operação.
Ex-funcionários
A maioria dos ex-funcionários do Frigorífico Independência ainda não conseguiu receber o valor referente aos seus direitos trabalhistas. Recentemente, uma parcela deste público aceitou negociar com uma empresa de São Paulo (SP), que oferecia a proposta de compra das ações trabalhistas, porém os valores pagos aos trabalhadores eram inferiores ao montante real a que eles teriam direito.
A juíza federal que atua na Vara do Trabalho de Nova Andradina, Neiva Márcia Chagas, afirmou recentemente ao Nova News que ‘não vê com bons olhos’ a negociação em que ex-funcionários do Frigorífico Independência estão vendendo suas ações trabalhistas por valores cerca de 70% menores do que a quantia a que realmente teriam direito.
O assunto veio à tona após um advogado de Nova Andradina propor, em nome da empresa Bernardes Bastos Investimentos LTDA, a compra individual das ações trabalhistas que se arrastam na Justiça.