Intervenção de Ignácio Fernández Toxo
Grande manifestação em Madri contra a tentativa da Coca Cola de fechar quatro fábricas
Uma maré vermelha contra a Coca Cola
Intervenção de Ignácio Fernández Toxo
Ignacio Fernández Toxo (Foto: Gerardo Iglesias)
Cerca de 7.000 pessoas participaram de uma manifestação no centro de Madri, enfrentando o frio e uma intensa chuva, contrários à Coca Cola em sua pretensão de eliminar 32,67 por cento de seus postos de trabalho na Espanha. Depois do discurso de Cándido Méndez, secretário geral da UGT, foi a vez de Ignacio Fernández Toxo, secretário geral das Comissões Obreiras (CCOO), cujas palavras resumimos abaixo.
«Companheiros e companheiras da Coca Cola, estamos em uma cidade onde há poucos dias a maré branca da saúde exigiu paralisar o processo de privatização dos hospitais de Madri.
Essa maré branca é o prelúdio do resultado da maré vermelha da Coca Cola: evitar o fechamento das quatro fábricas, parar com a demissão de 1.250 trabalhadores e trabalhadoras«, assegurou enfaticamente o dirigente.
Ignácio Fernández Toxo, em sua indignação, afirmou que a Coca Cola criou essa onda de demissões na Espanha sem que existisse nada nos resultados da empresa que justifique tal medida.
Em 2013, a transnacional faturou 3.000 milhões de euros e registrou lucros de 900 milhões, «um lucro – existente graças aos esforços do pessoal que trabalha na empresa – que nenhuma entidade, nem financeira, nem industrial e nem de serviços” conseguiu, não só na Espanha, como em toda a Europa.
Então, ele perguntou: – Onde está a causa para uma reestruturação tão selvagem como a que está sendo proposta?
E ele mesmo respondeu: «Está no desejo de conseguirem mais e mais lucro, à custa dos trabalhadores e das trabalhadoras, à custa da sociedade consumidora destes produtos”.
Mais demissões em um país com
6 milhões de desempregados
A decisão da Coca Cola ocorre em um contexto onde o governo enfatiza que a recuperação está chegando e que a crise está ficando para trás, mas a realidade indica que essa recuperação se dá apoiada nos ombros dos trabalhadores e trabalhadores.
«As empresas aproveitam o caldo de cultura da crise, aproveitam a existência de 6 milhões de desempregados em nosso país, aproveitam uma reforma trabalhista que desarma o mundo do trabalho para chegar a aumentar, dia a dia, seus lucros, ao custo de jogar nas ruas milhares de pessoas, eliminando postos de trabalho«, disse o líder de Comissões Obreiras.
«Esta não é a recuperação esperada pelo povo espanhol. Os benefícios da recuperação precisam chegar aos trabalhadores e às trabalhadoras. Não é esta a recuperação esperada pela sociedade«, insistiu.
CCOO e UGT unidas na ação
Uma mudança de paradigmas foi constantemente exigida, visando a «menos empregos, a menores salários, a piores condições de trabalho«.
«Não é aceitável uma jornada selvagem, como a aplicada pela transnacional neste país«. Principalmente, quando as decisões são tomadas a milhares de quilômetros da Espanha, na Sede de Atlanta, nos Estados Unidos. «Eles não se preocupam nem um pouco com as pessoas, nem se importam com o que acontece na Espanha”, lembrou.
E concluiu avisando da necessidade de uma ação global da sociedade em defesa das fontes de trabalho. “É necessário um apoio total. Temos o apoio dos sindicatos, da UGT e das Comissões Obreiras, mas temos que conseguir o apoio de toda a sociedade em seu conjunto”, destacou.