08
Agosto
2016

O latifúndio mata mais um trabalhador rural

Até quando e quantos trabalhadores e trabalhadoras rurais terão que morrer, enquanto os órgãos fundiários tomam as devidas providências?

Barak Fernandes - Contag
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Fotomontagem: Contag

Não é apenas mais um número nas estatísticas de violência no meio rural brasileiro. É a história de mais um pai de família, trabalhador rural, que na luta pelo direito da terra, foi tombado pelo injusto peso da carga massacrante do latifúndio.
Desta vez, é a história de Ronair José de Lima, presidente da Associação Terra Nossa, assassinado por emboscada, no Complexo Divino Pai Eterno, município de São Félix do Xingu-PA.

No mesmo Pará do Massacre de Eldorado dos Carajás, no mesmo Pará que pontua por anos seguidos entre os estados brasileiros com os maiores índices de violência no Campo.   

No relato de quem estava na hora do crime, conta-se que na manhã quinta-feira (04 de agosto), Ronair foi alvejado por disparos de arma de fogo, sendo atingido na região do tórax.

Em razão do ferimento e intensa perda de sangue faleceu mesmo tendo sido socorrido por companheiros trabalhadores(as) do Acampamento.

De acordo com informações, o presidente da Associação estava recebendo constantes ameaças dos fazendeiros que se dizem proprietários do Complexo Divino Pai Eterno.  

Ainda em julho de 2015, Ronair teria recebido ameaças de morte diretas e violentas, proferidas por um dos grileiros que pleiteia a regularização fundiária da Fazenda. O grileiro já havia sido anteriormente indiciado e preso em razão dos crimes praticados na localidade durante o ano de 2014.

Conforme declaração prestada na Delegacia de Redenção-PA, Ronair afirmou que no dia 22 de julho de 2015, por volta das 07h30, saiu de sua residência localizada dentro do acampamento, dirigindo sua moto, acompanhado por seu filho que dirigia uma outra motocicleta, quando foi abordado por uma camionete branca “Toyota Hilux”, a 500 metros de sua casa.

Desceram do veículo o grileiro e seu irmão, e mais outro acusado, este último armado com uma pistola calibre 38. Enquanto se dirigia para Ronair, o grileiro, segundo o boletim de ocorrência, afirmou que o mataria.

Além de Ronair, já foram assassinados mais cinco trabalhadores, durante os mais de 10 anos de ocupação do Complexo Divino Pai Eterno.

A pergunta que paira no ar, é: até quando e quantos trabalhadores e trabalhadoras rurais terão que morrer, enquanto os órgãos fundiários tomam as devidas providências?