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O direito à educação
Em Santo Domingo,
República Dominicana
    ALFABETIZAÇÃO | PONTO DE ENCONTRO
    Com José “Pepe” Castro
    O direito à educação
    O CIAC e seu irrenunciável sonho
    com um mundo melhor
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    Foto: Gerardo Iglesias
    Pepe Castro é diretor do Centro de Pesquisa e Apoio Cultural da República Dominicana (CIAC, na sua sigla em espanhol), organização que mantém uma longa história de amizade e cooperação com a Rel-UITA e que recentemente foi escolhida pelo governo da Republica Dominicana para formar parte do Plano Nacional de Alfabetização. Sobre isso falamos com ele durante nossa estada no país.

    “Todos nós sabemos alguma coisa.
    Todos nós ignoramos alguma coisa.
    Por isso aprendemos sempre.”
    Paulo Freire

    -O CIAC é uma instituição líder no campo da alfabetização de adultos. Há quantos anos já?
    -O programa de alfabetização tem sido parceiro do CIAC por 30 anos e vice-versa.

    Nós começamos alfabetizando trabalhadores migrantes haitianos e desenvolvendo um programa de cidadania e educação laboral.

    Desta iniciativa do CIAC surge o primeiro sindicato de cortadores-de-cana do país, que se chama SIPICAIBA e ainda sobrevive na região de Barahona como sindicato agrícola, sendo o único de cortadores-de-cana.
    -Logo depois a Rel-UITA e o CIAC começaram a trabalhar juntos no Haiti...
    -Exatamente. Isso foi em meados da década de 90, quando umas 4 mil pessoas foram alfabetizadas, numa experiência única, onde também participaram as centrais sindicais do Haiti e o Ministério da Educação.
    Esta experiência gerou em nós um vínculo muito forte com esse país e uma maior compreensão sobre a questão da educação popular para os migrantes. De fato, somos a única organização que permanece com o trabalho de alfabetização e de educação básica para grupos migrantes haitianos.
    Como resultado dessa história fomos escolhidos como representantes da rede de organizações que trabalham com alfabetização e educação básica, para formar parte do Plano Nacional de Alfabetização, talvez um dos esforços mais significativos do governo para mudar uma situação de exclusão vivida por quase um milhão de pessoas analfabetas, ou seja, dez por cento da população.
    Por outro lado, fala-se de quase dois milhões de pessoas que não terminaram o ensino fundamental, portanto estamos falando de 30 por cento de dominicanos com um baixo nível educacional.
    Esses números falam não só do nível de exclusão, como também vão além, pois quando estes dados começam a ser destrinchados, descobrimos que entre esses 30 por cento, encontram-se as pessoas com os menores salários, dificultando o seu acesso ao mercado de trabalho; mais mulheres que homens, ainda que nossa experiência mostre que agora as mulheres são as que mais aderem aos programas de alfabetização, mudando assim esta realidade. 
    Analfabetismo e mulher
    A mulher e a alfabetização
     
    -Isto acontece também na Argentina onde a nossa filiada, a UATRE, tem um programa de alfabetização rural no qual as mulheres são as que mais se aproximam buscando reverter a sua situação de analfabetismo, porque revelam menos preconceito por se declararem analfabetas...
    -Outra coisa ainda mais relevante é que com as mulheres fica evidente o chamado círculo do analfabetismo: pais e mães analfabetos têm filhos e netos analfabetos, mas quando a mulher é escolarizada os filhos também serão.
    Com isto, é possível deduzir que a mulher é a encarregada da educação na família e no lar, então o analfabetismo da mulher poderá se propagar se não nos focarmos em combatê-lo.
    Portanto, o fato de a mulher se assumir analfabeta e buscar transformar essa situação é um importante caminho para a redução do analfabetismo.
    -Alfabetização e sindicalismo têm sempre andado juntos no CIAC.
    É verdade. Os programas do CIAC têm sido sempre acompanhados por um processo de educação laboral, de direitos humanos e de cidadania.
    -Os alunos não aprendem só a ler e a escrever, também se transformam em fazedores da história, em pessoas capazes de ler o seu contexto e de transformá-lo.  
    Atualmente sou membro do Conselho Latino-Americano de Educação Popular (CEAAL) e Coordenador Regional do CEAAL para o Caribe (Cuba, Haiti, Porto Rico e República Dominicana).
    Alfabetização e Paulo Freire
    Paulo Freire e a formação da consciência política

    Como se sabe, o CEAAL baseia seus programas de educação popular sobre a perspectiva de Paulo Freire, ou seja, de criar consciência política, de formar pessoas conscientes de seus direitos e, portanto, capazes de defendê-los.

    Fomos os pioneiros na aplicação de uma metodologia de educação de adultos que busca encurtar o tempo da pessoa na escola, levando em consideração que um adulto já vem com determinado conhecimento adquirido.
    Nós nos baseamos na troca de saberes, em vez de educar, o que fazemos é facilitar processos de diálogo nos quais este adulto aprenda leitura, escritura e operações matemáticas simples, porém reconhecendo que o adulto já possui um conhecimento adquirido, diferentemente das crianças.
    Nesta ordem de coisas, o Ministério da Educação escolheu o CIAC para implementar um novo modelo de educação de adultos, o modelo flexível que consiste em adaptar a escola ao aluno e não o contrário, como se fazia até então. Este modelo é muito parecido ao que já vínhamos fazendo em nossas práticas.
    Recentemente tivemos uma jornada de trabalho sobre esse projeto que nos leva a pensar em uma aliança com atores públicos e com a escola publica, partindo da perspectiva concreta do direito à educação.
    Podemos dizer que nesse aspecto progredimos bastante.
     
    Rel-UITA
    24 de novembro de 2014

    Tradução: Luciana Gaffrée

     

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