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Ambev encaminha mais de cem trabalhadores para o seguro de d...
Em Montevidéu,
Uruguai
AMBEV
Com Roque Apecetche y Nelson Redling
Ambev encaminha mais de cem trabalhadores para o seguro de desemprego
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Os trabalhadores da Cervejaria e Malteria Paysandú (Cympay-ex Norteña) reunidos no Sindicato de Operários e Empregados da Norteña (SOEN) enfrentam, desde o dia 1° de agosto, o encaminhamento para o seguro de desemprego de 90 por cento da planilha de funcionários.
A Rel dialogou com Roque Apecetche e com Nelson Redling, presidente e secretário-geral do Sindicato, para conhecer os pormenores do contexto enfrentado e suas expectativas futuras..

“A partir do momento em que a empresa nos comunicou o encerramento da produção por quatro meses, no final de julho, solicitamos saber quais os motivos desta decisão. Uma das causas apresentadas pela companhia foi a retração econômica do mercado brasileiro, destino da produção da Cympay”, informou Apecetche.

Segundo os dirigentes, devido à queda no consumo de cerveja no Brasil, a Ambev decidiu utilizar a produção do próprio país e também a da Argentina, e estocar o produzido no Uruguai, em ambas as empresas de maltagem – Paysandú e Nueva Palmira. Chegou um momento em que já não havia capacidade de armazenamento, o que levou ao fechamento da unidade de Paysandú por quatro meses.

Em Nueva Palmira a situação é diferente, a ideia é trabalhar meia produção no mês de agosto e, em setembro e outubro, retornar ao funcionamento normal.

“A empresa administra esta diferença entre as suas unidades de maltagem no Uruguai como uma questão de custos” – explicou Nelson Redling.

“A estrutura da maltagem de Nueva Palmira – continuou – é menor e também ajuda o fato de estar perto dos portos, o que em termos de logística reduz custos.

Segundo a Ambev, a Cympay é uma das empresas de maltagem mais caras do grupo, sendo também uma das mais eficientes, “mas ser eficiente não é relevante na hora de calcular friamente os números”, destacou Redling.

“Diante da decisão de fechamento, o Sindicato negociou uma saída organizada com base nas licenças pendentes. Por outro lado, 50 por cento do pessoal de manutenção permanecerá trabalhando para corrigir os problemas do maquinário, deteriorado pelo seu próprio uso.”

Consultados sobre as expectativas pela reabertura da fábrica, ambos os dirigentes assumiram que o panorama é de grande incerteza.

“Se por um lado é um sinal positivo que sejam destinados recursos para a manutenção do maquinário, o certo é que até o momento não houve uma resposta segura da empresa produtora de cerveja. Nenhum representante nos garantiu nada sobre a reabertura, dizem que estará pendente do consumo do mercado brasileiro e isso é preocupante”, indicou Apechetche.

Por outro lado, Redling afirmou: “O xis da questão está na manutenção dos postos de trabalho além destes quatro meses”.
Você colhe o que plantou
A política de cortes da Ambev

Desde que a Ambev adquiriu a Norteña, começou a aplicar a sua já reconhecida política de cortes, não só sobre os trabalhadores, mas também sobre os produtores de matéria prima.

Foi retirado dos produtores de cevada o acompanhamento que lhes permitia garantir as quantidades necessárias de matéria prima e deixaram de apoiá-los como faziam anteriormente”. 

A empresa era parte ativa no cultivo e cuidado da cevada. Havia uma equipe de especialistas que prestava assessoramento e até oferecia a semente e o combustível para a plantação, e com isso o produtor tinha que investir muito pouco”, lembrou Apecetche

Ao deixar de oferecer este serviço aos produtores, muitos migraram do cultivo da cevada para o da soja, seduzidos pelos bons resultados financeiros desta última.

“Agora, estamos sofrendo devido a esta decisão da empresa, porque há muito pouco cultivo de cevada destinada à produção da Ambev no Uruguai. O que vem salvando a situação é que a diferença cambial é favorável para a importação do cereal da Argentina”, explicaram os dirigentes.

Atualmente, a colheita da cevada se dá no litoral norte, no centro e no sul do país, ainda que esta região seja, em sua maioria, coberta por outra empresa de maltagem que, ela sim, aplica uma política integrada com os produtores e consegue produzir usando toda a matéria prima processada.

“De qualquer forma, este panorama deixa as coisas difíceis para o próximo ano, se é que reabrirá, porque não há uma política integrada de trabalho com o produtor. 

Em várias oportunidades, falamos disso com a direção da Ambev no Uruguai, e esperamos que comecem a estruturar uma mudança nesse sentido”.
O gen Brahma
Volta a atacar?

A empresa argumentou sobre a existência de um estoque enorme acumulado nos últimos meses devido à recessão econômica no Brasil, que impediu a exportação da demanda, obrigando o fechamento da empresa de maltagem em Paysandú. Mas, os relatórios existentes sobre a situação da Ambev no mundo revelam bons resultados. Inclusive no primeiro semestre deste ano – apesar das dificuldades econômicas – esse superávit superou o do ano anterior.

Entre os negócios efetuados pela transnacional brasileira nos últimos meses, destaca-se a aliança estratégica adotada entre a Ambev Peru e a firma centro-americana CBC, visando a alavancar o mercado de cervejas e de bebidas naquela região.

Na Colômbia, através de um comunicado emitido pela Bogotá Beer Company (BBC), a empresa confirmou a assinatura de um acordo de venda de 100% das suas ações para a Ambev.

A BBC, que se autodenomina “a maior produtora pequena de cerveja da Colômbia”, produz cerca de 60 mil hectolitros anuais, equivalentes a 0,3% do mercado colombiano e conta com 11 marcas.

A aquisição de uma empresa local, que gerencia menos de 1% do mercado da cerveja colombiano, foi considerada uma jogada estratégica da transnacional, dona de mais de 200 marcas, como a Budweiser, Beck´s, Brahma, Corona e Stella Artois e que, em 2014, atingiu vendas num montante de U$S 47 bilhões de dólares.

No Brasil, a Ambev adquiriu a Colorado, especializada em cervejas artesanais de Ribeirão Preto, não revelando o valor da transação. 

Fundada em 1996, a Colorado produz uma cerveja que mistura malte e lúpulo com ingredientes como café, açúcar mascavo, mel e nozes, com negócios anuais em torno de 18 milhões de dólares e com exportações para a França e o Reino Unido.

Segundo dados oferecidos pela própria empresa, a Ambev fechou o primeiro semestre de 2015 com investimentos de 1,4 bilhão de reais, isto é, 13,8 por cento a mais que no mesmo período do ano anterior.

No caso do Uruguai, parece ser mais uma vez questão de tamanho.

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Fotos: Gustavo Villarreal
Rel-UITA
13 de agosto de 2015

Tradução Luciana Gaffrée

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