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“Os sindicatos precisam ter posições de força”
Em Palma de Mallorca,
Espanha
HOTELARIA
Com Antonio Copete
“Os sindicatos precisam ter
posições de força”
20140618 antonio copete-610c
Após a assinatura do pré-acordo para o Convênio Coletivo de Hotelaria de Baleares entre a União Geral dos Trabalhadores (UGT), Comissões Obreiras (CCOO) e a Federação Empresarial Hoteleira de Mallorca (FEHM), falamos com Antonio Copete, secretário geral da Federação do Comércio, Hotelaria e Jogos da UGT das Ilhas Baleares.
-Na quarta-feira passada, 11 de junho, dia em que foi assinado o pré-acordo, já se haviam passado cinco meses de negociação, e a resolução final ainda não estava muito clara. Como estavam as coisas nesse útlimo dia, quando foram retomadas as negociações?
-Estávamos no processo final, com posições que mudavam constantemente. Até aquele momento, havia uma abordagem muito dura por parte da Federação Empresarial Hoteleira de Mallorca. Mas, já estavam deixando de lado muitas de suas pretensões.
 
Tinham eliminado uma questão fundamental para nós, que era a dos fixos descontínuos, que se adaptam como luvas à atividade turística, porque trabalham quando os turistas chegam e deixam de trabalhar quando vão embora.
 
Também tinham renunciado a toda essa questão da jornada, com relação a poder distribuí-la ao seu bel prazer, chamando os trabalhadores quando quisessem, acumulando dias livres nos meses de verão, e que em lugar de dois dias, davam apenas um.  
 
-E com relação à terceirização?
-No início do dia, foi retirada da mesa de negociações, apesar de não terem renunciado a discuti-la em outro determinado momento.
 
Para nós, a fronteira estava ali. Tem que haver a condição de que para igual trabalho, igual salário. A partir daí, se é uma terceirização dos meses de baixa atividade, podemos avaliar isso.  
 
Aqui se fala muito do que é desestacionalizar, porque nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro o clima em Baleares é ruim e, portanto, não há turistas.
 
Se nesse espaço é possível favorecer a geração de empregos, nós claro que vamos querer gerar empregos, mas sempre sob o princípio de que é preciso aplicar as condições salariais do convênio da hotelaria.
 
-Como foi colocada a discussão em torno da questão salarial?
-Eles finalmente colocaram sobre a mesa um convênio salarial de 4 anos, mas com 0,5% de aumento a cada ano, o que seriam uns 2% no global de duração do convênio.
 
Isso para nós era insuficiente. A duração do convênio tem que ser em função do que puserem sobre a mesa em termos salariais, ou seja, quanto mais anos, maior o aumento. No final conseguimos que o aumento fosse de 1,125%, chegando a 4,5% no total.
 
Conseguimos superar o cenário de confrontação gerado pela Federação Empresarial.
 
-Por que os empresários abriram mão de suas pretensões?
-Talvez em outras regiões da Espanha o convênio da hotelaria não tem a mesma importância que tem em Baleares. Mas, aqui falar de turismo é falar do que vivemos, direta ou indiretamente, a maioria das pessoas. Se não há turistas nem hotéis abertos, não há atividade econômica.
 
Estamos falando que 1 de cada 4 trabalhadores está coberto por este convênio. E isto tem uma repercussão midiática muito importante. E com os absurdos que os empresários puseram em cima da mesa, nós fomos capazes de conquistar a imprensa, a opinião pública e inclusive parte dos empresários que estavam de acordo conosco, ao considerar o que os hoteleiros pretendiam como sendo um autêntico absurdo, uma barbaridade.  
 
Em minha opinião, os empresários optaram por uma estratégia equivocada, estão muito mal assessorados. Eles apresentaram um cenário de confrontação puro e duro. Levamos cinco meses negociando, sofrendo provocações e mais provocações para que entrássemos em conflito.
 
E nossa obrigação, o que a UGT sempre deixou claro, é esperar surgirem os momentos estratégicos para nos mobilizarmos, e esse momento é o verão – julho e agosto – quando mais hotéis estão abertos, há mais atividade e mais possibilidades de ganharmos.
 
Se fazemos uma mobilização em fevereiro, não haverá ninguém trabalhando. É uma questão de estratégia. Os sindicatos precisam ter posições de força, custe o que custar, e isso é o que aconteceu com este convênio.
 
-Como você considera o acordo finalmente alcançado?
-É um rotundo sucesso sindical. Estamos falando de um convênio de 4 anos em um contexto muito complicado. A patronal retirou todas as propostas que eram negativas para nós: fixos descontínuos, terceirização, jornada,... E, portanto, o Convênio ficou como estava e com um aumento salarial de 4,5%.
 
Por último, quero enviar um grande abraço ao Norberto Latorre, que possibilitou sua presença aqui, e lhe dar os parabéns pelo seu trabalho.
 
Rel-UITA
26 de junho de 2014
 Foto: Ernest Cañada
 
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