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Back setores Frigoríficos Vazamento de amônia ainda acarreta problemas aos trabalhadores
Júlio Cesar Fernandes
Brasil
FRIGORÍFICOS
Vazamento de amônia ainda acarreta problemas aos trabalhadores
O problema foi registrado em pelo menos três oportunidades nos últimos 45 dias
Trabalhadores do setor de corte da Globoaves continuam sofrendo efeitos pelo fato de terem sido expostos ao gás de amônia, problema registrado em pelo menos três oportunidades nos últimos 45 dias. É o caso, por exemplo, de Noeli Aparecida Bruno, 32, que encaminhou pedido de demissão por não ter mais condições de trabalhar.
Desde o último vazamento ela sofre com dores de cabeça diárias e está tomando remédios controlados por causa da depressão. Ela ficou um dia internada e padece com as lembranças. "Foi uma coisa horrível ver os colegas desmaiados sendo atendidos pelos bombeiros, é muito difícil conviver com essas lembranças", relata.

Apavorada e preocupada, Noeli – assim como outros trabalhadores da Globoaves – acabou pedindo demissão, ato que agora o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Cascavel e Região (Sintiacre) vai tentar reverter.

"Se o ambiente de trabalho fosse saudável e seguro ela não teria pedido demissão", afirma a presidente do Sintiacre, Sônia Maria Rodrigues dos Santos. "Vamos buscar a reversão, se necessário, na esfera judicial para evitar que ela e outros trabalhadores percam direitos como o seguro desemprego e o saque do FGTS", acrescenta o tesoureiro do Sintiacre,José Evangelista.

Dia a dia de sofrimento
para garantir 800 reais

É puxada a rotina diária de Noeli Aparecida Bruno, que mora em Diamante do Sul, a 94 quilômetros de Cascavel. Casada, mãe de dois filhos – Agnaldo, de 13 e Jéssica de 10 – sua jornada começa as 03h40 da madrugada, quando pega o ônibus rumo a Cascavel. A família continua dormindo e o estômago recebe uma dose de café preto, quem sabe um pedaço de pão com margarina.

Em rotina que se repete desde o dia 3 de maio de 2011, às 05h40 ela bate o ponto na Globoaves onde passa o dia separando e cortando asas de frango até as 15h40. Pega o ônibus de volta e chega em casa às 18 horas.

É curto o tempo para atender a demanda da família e ainda precisa descansar um pouco, pois os minutos passam rápido e logo tudo começa de novo. Os R$ 800 líquidos, que recebe de salário são muito importantes no orçamento familiar.

"Eu preciso desse dinheiro, mas também preciso sobreviver. E não estou conseguindo, com a depressão, as dores de cabeça, as imagens que não saem da minha cabeça, os amigos sendo atendidos no chão do pátio da empresa, as 24 horas que fiquei internada".

Em momento de desespero, ela pediu demissão. Em momento de lucidez, esteve no Sintiacre, que agora vai lutar para resguardar seus direitos. O especialista em Medicina do Trabalho, Roberto Carlos Ruiz, está acompanhando alguns casos de trabalhadores expostos à amônia.

Outra situação é que a Globoaves, passados nove dias do terceiro acidente, até agora ainda não encaminhou o CAT- Comunicação de Acidente de Trabalho, num flagrante desrespeito ao que preconiza a legislação trabalhista.

Sintiacre
7 de abril de 2015

Nota do Editor
: Agradecemos o envio desta matéria ao Dr. Roberto Ruiz
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