Em Manágua,
Com Abel Becker
“Não aceitaremos condições de trabalho incompatíveis com a dignidade humana”
SITRAIBANA adverte sobre perigoso estancamento
em negociação coletiva com Chiquita
Em abril de 2013, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Banana e Agropecuária e Empresas Afins (SITRAIBANA) e Chiquita iniciaram as negociações de um novo Convênio Coletivo. Catorze meses depois e após a assinatura de 62 das 129 cláusulas, o Sindicato alerta sobre a intenção da transnacional norte-americana de querer aplicar práticas de trabalho que atentam contra a saúde e a dignidade dos trabalhadores.
Desde 2005, Bocas Fruit Company (Chiquita) tem promovido a ideia de que os trabalhadores bananeiros de Bocas Del Toro devem ocupar o lugar dos motores aéreos, que levam a fruta das plantações para as fábricas empacadoras.
Este trabalho, que implica percorrer até uns dois quilômetros carregando de 20 a 25 cachos de banana, podendo pesar de 55 a 70 quilos cada cacho, já recebeu vários nomes, como por exemplo, “Cachos na cabeça”, “sistema de caixas”, “transporte manual”. Agora é chamado de “abastecimento de cacho contínuo”.
Abel Becker, secretário geral do SITRAIBANA, garante que, independentemente do nome que se queira dar, continua sendo uma nova tentativa da companhia para implementar práticas de trabalho forçado, incompatíveis com a dignidade humana e ameaçadoras para a saúde dos trabalhadores.
“Dentro de uns 15 ou 20 anos, teremos uma multidão de trabalhadores sofrendo, entre outras doenças, de lombalgia, artrose, varizes, ciática, síndrome do impacto. Não podemos permitir isso!” Disse Becker.
Além disso, Becker lembra que 95 por cento dos trabalhadores de Chiquita em Bocas Del Toro pertencem aos povos originários.
“Resistimos todo este tempo às pretensões escravizadoras da empresa, que violentam o código do trabalho panamenho e o Convenio 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes.
Com sua intransigência –continuou o dirigente sindical- a transnacional está colocando em sério risco a negociação coletiva, porque não vamos aceitar que, em pleno século 21, o homem substitua a máquina e voltemos à escravidão”, alertou Becker.
Para ele, é urgente que a transnacional norte-americana produtora de frutas recapacite e volte atrás em sua decisão ultrajante.
“Estamos pedindo à empresa que voltemos à mesa de negociação, porque não queremos que haja conflito e desordem. Entretanto, se Chiquita insistir em agredir os trabalhadores, estaremos prontos para defender nossos direitos”, concluiu Becker.
Para o dia 8 de julho, data em que se comemorará o quarto aniversário da brutal repressão do regime de Ricardo Martinelli contraos trabalhadores bananeiros em Changuinola, o SITRAIBANA se mobilizará até as instalações de Bocas Fruit Company (Chiquita), em Bocas Del Toro, exigindo dar continuidade ao processo negociador.
Rel-UITA
8 de julho de 2014
Foto: SITRAIBANA
Tradução: Luciana Gaffrée