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A compra da Tim Hortons pela Burger King
Em Montevidéu,
Mundo
    ALIMENTAÇÃO
    A compra da Tim Hortons
    pela Burger King
    E um quarteto que dará o que falar
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    O quarteto está integrado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrman Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira, três brasileiros e pelo norte-americano Warren Buffet, que se uniu a eles posteriormente. Hoje são notícia ao terem realizado a fusão da Tim Hortons com a Burger King. E essa é a sua história.
    Uma carreira meteórica
    O grande salto
     
    O trio dos brasileiros começou no final dos anos 70 quando os três assumiram o controle do banco Garantia. Em 1982, deram seu primeiro grande passo ao adquirir a Cadeia de Suprimentos Lojas Americanas. Sicupira foi colocado à frente e, alinhado com o critério de que “Custo é como unha, tem que cortar sempre”, em pouco tempo já havia despedido 6.500 pessoas, o equivalente a 40% da folha de pagamento.
     
    Em 1989, o Garantia adquiriu a cervejeira Brahma e quem passou a comandá-la em novembro daquele ano foiMarcel Herrman Telles; três meses mais tarde 2.500 pessoas tinham perdido os seus postos de trabalho.
     
    Em 1999, a Brahma adquiriu a Antarctica, a outra grande cervejeira brasileira, criando a American Beverage Company, mais conhecida como Ambev. Em 2004, depois de prolongadas negociações e o desembolso de 11 bilhões de dólares, a Ambev adquiriu a belga Interbrew, fusão da qual surgiu a InBev, que se converteu na segunda maior cervejeira do mundo.
     
    Em 2004, o trio também abriu, com o nome 3G Capital, uma empresa de investimentos nos Estados Unidos. Em 2008, Carlos Brito – outro brasileiro que havia começado na Brahma, recomendado por Telles, e que agora comandava a InBev – enviou uma carta para August Busch IV – CEO da Anheuser-Busch, a maior cervejeira norte-americana – formalizando a intenção de adquirir a empresa.
     
    A compra foi feita mediante o pagamento de 60 bilhões de dólares em novembro de 2008, sendo criada a AB-InBev, que se transformou na empresa líder mundial da indústria cervejeira. Em 2012, a AB-InBev adquiriu, por 20,1 bilhões de dólares, o total das ações da cervejeira mexicana Modelo.
     
    Mudando de ramo, no final de 2010, a 3G Capital comprou a rede de restaurantes de serviços rápidos Burger King. Em 2013, a 3G Capital, em parceria com a Berkshire Hathaway, adquiriu a transnacional norte-americana de alimentos H.J. Heinz Company, por um valor de 28 bilhões de dólares, empresa famosa por suas “57 variedades” de molhos. É aqui que aparece o Warren Buffet, o novo integrante do quarteto.
     
    Quem é Warren Buffet?
    O quarto integrante
     
    Conhecido como o Oráculo de Omaha, é o segundo homem mais rico do mundo. Warren Buffet é o CEO e o maior acionista da Berkshire Hathaway, a mesma empresa que comprou a Burger King em parceria com a 3G Capital. Berkshire Hathaway é uma transnacional com sede em Omaha (Nebraska, EUA), que supervisiona e gerencia uma série de empresas filiais. É proprietária da GEICO, BNSF, Lubrizol, Dairy Quenn, Fruit of the Loom, Helzberg Diamonds e da NetJets, possuindo uma participação significativa na Mars, Americam Express, The Coca Cola Company, Wells Fargo, IBM entre outras.
     
    Além de sua capacidade para fornecer vultosas somas de dinheiro a um trio caracterizado por realizar seus arriscados e volumosos negócios baseados em créditos, Warren Buffet também está alinhado com o modelo elitista e meritocrático tão característico dos três brasileiros, por exemplo, quando chegou a afirmar: “Há lutas de classes, de acordo, mas é a minha classe, a dos ricos, quem a declarou e vamos ganhando”.
     
    Lemann e Warren se conhecem desde os tempos em que ambos dividiram a diretoria da empresa Gillette.
     
    Tim Hortons
    A nova aposta
     
    Agora é a vez desta rede internacional canadense de cafeterias, fundada em 1964 e especializada em cafés, donuts e pastelaria industrial. Conta com mais de 3 mil lojas no Canadá e aproximadamente 500 nos Estados Unidos, gerando trabalho para cerca de 100 mil pessoas.
     
    A Burger King, a segunda rede de restaurantes de serviços rápidos dos Estados Unidos, acaba de chegar a um acordo para adquirir a Tim Hortons, gerando assim a terceira maior empresa do setor do mundo, com um faturamento estimado em 23 bilhões de dólares e mais de 18 mil lojas em uma centena de países.
     
    A compra foi estimada em mais de 11 bilhões de dólares. Para seu financiamento, a Burger King declarou ter obtido compromissos de crédito de 12,5 bilhões de dólares, vindos dos bancos JP Morgan e Wells Fargo, estando este último, como vimos, ligado ao Warren Buffet. Ao mesmo tempo, a firma de investimentos do Buffet, a Berkshire Hathaway, contribuiu com 3 bilhões de dólares adicionais.
     
    Qual será a nova presa do quarteto?
    Ainda sobram vários elefantes por caçar
     
    Pergunta difícil de se responder, mas não é arriscado prognosticar que haverá outra e que será grande. A ambição do trio de cariocas foi definida por Paulo Lemann quando afirmou: “Sonhar pequeno dá o mesmo trabalho que sonhar grande. Então, por que não sonhar grande?”.
     
    Claro, um sonho grande precisa de uma bolsa de dinheiro proporcionalmente grande e essa é a contribuição de Warren. Além disso, sua ambição não é menor que a de Lemann, depois de se associar com ele para a compra da Heinz, comentou: “estou pronto para caçar outro elefante, se alguém vir algum que me avise”.
     
    Elefantes há vários e o quarteto não precisa de ninguém que os alerte da sua presença. Os elefantes podem ser vários. A divisão de bebidas da PepsiCo, que apresenta pontos fracos, e com a qual a AB-InBev tem acordos de distribuição em alguns países, bem que poderia ser um.
     
    A esta altura do campeonato, o trio de brasileiros já se apropriou de três emblemáticas marcas norte-americanas e de uma canadense. Agora que o Buffet entrou para o grupo, e considerando a sua participação na Coca Cola, bem como a confiança que demonstrou ter no modelo de gestão dos brasileiros, será que não haverá chegado a hora de juntos adquirirem o controle da transnacional com sede em Atlanta, cujo valor se estima em 169 bilhões de dólares? 
     
    Pensando bem, seria um preço “só” três vezes superior ao que pagaram pela Anheuser-Busch. Em todo caso, não deixaria de ser um sonho – ou um elefante – grande de verdade.
        
    Rel-UITA
    14 de outubro de 2014

    Ilustração: Rel-UITA
    Tradução de Luciana Gaffrée

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