JBS se expande no Paraguai
A irrefreável
internacionalização brasileira
Monopólios, concentração
e estrangeirização do setor das carnes
Com o anúncio da expansão da gigante planetária JBS no Paraguai e da compra pelas Marfrig e Minerva de novas fábricas na Argentina e no Uruguai, os frigoríficos brasileiros continuam o seu processo de internacionalização na América Latina. Um processo que consolida monopólios, bem como a concentração e estrangeirização da cadeia industrial nos países onde se instalam.
A JBS é a maior exportadora de carnes do mundo. Seus mais importantes dirigentes regionais e globais informaram, nesta mesma semana, que no final de 2015 começará a funcionar uma nova fábrica, que será a terceira da empresa no Paraguai.
O frigorífico será construído no norte do país, supondo um investimento de 100 milhões de dólares e devendo empregar umas 1.000 pessoas.
“Estamos buscando aumentar nossa presença nos países vizinhos”, disse Miguel de Sousa Gularte, presidente da JBS Mercosul.
Alguns meses atrás, em Montevidéu, Fernando Galletti Queiroz, presidente de outra empresa brasileira do mesmo setor, a Minerva Foods, também afirmou algo parecido.
Fernando já sabia dos planos de sua empresa em investir cerca de 37 milhões de dólares na compra de fábricas já instaladas no Paraguai e no Uruguai.
Em março já estava sendo feita a compra do frigorífico uruguaio Carrasco, somando-se às outras já em poder do grupo.
Depois dessa operação, mais de 40 por cento do total do abate uruguaio passou a estar em poder de empresas brasileiras, que controlam mais de 60 por cento das exportações de carne.
Preocupa, mas…
A concentração e estrangeirização desta indústria, que continua sendo a principal do país, “preocupa” o governo de José Mujica, mas tanto os trabalhadores do setor como alguns empresários se queixam de que o Estado não toma medidas concretas para frear esses fenômenos.
Assim como na Argentina, outro dos principais produtores de carne do mundo, os brasileiros, que tinham parado de instalar fábricas no país, resolveram retomar os seus planos de expansão, com o desembarque da empresa Minerva e o ressurgimento de uma fábrica da Marfrig.
A internacionalização das principais indústrias do país é um objetivo central dos governos brasileiros desde a época da gestão de Luís Inácio Lula da Silva, afirmam os pesquisadores Sergio Moreno Rubio, brasileiro, e Raúl Zibechi, uruguaio.
Esse processo se deu com o apoio do Estado, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só em 2010, lembra Moreno em seu estudo “O papel do BNDES na expansão do Brasil como potência regional”, 57 por cento dos créditos autorizados por essa instituição foram para uma dezena de grandes grupos privados, entre eles os frigoríficos Marfrig e JBS, e duas estatais.
“O BNDES também incentiva a concentração e tende a favorecer a emergência e a consolidação dos monopólios porque seus investimentos têm como destinatários os grandes grupos econômicos que exercem liderança em seus setores”, escreve Moreno.